Em todas as histórias em quadrinhos, todos os filmes, todos os livros, o bem vence o mal. Existe um bandido e existe um mocinho, sempre torcemos para o mocinho e ele vence no final. Não torcemos para o Pinguim, torcemos para o Batman. Não torcemos para a Bruxa, torcemos para a Branca de Neve.
O que aconteceu agora que torcemos para o bandido?
Onde foi que erramos como pessoas civilizadas, como pessoas éticas?
Em que momento houve uma disfunção na nossa evolução biológica e de Homo Sapiens retornamos a Homo Erectus ou Homo de Neanderthal?
Como pudemos regredir em poucos anos o que a Humanidade levou milhões de anos para evoluir?
Não há dúvidas de que a polarização entre Direita e Esquerda causou isso. Duas correntes políticas mais extintas que os mamutes. Quem ainda acredita na Direita depois da II Guerra Mundial e quem acredita na Esquerda após o fim da União Soviética? Depois que conhecemos Pinochet, Hitler, Gualtiere, Alfonsin, Franco, Salazar, Stalin, Mao Tsétung, Fidel, Kim Il-Sung e tantas outras estátuas de cera de Madame Trousseau, se declarar de esquerda ou de direita é de uma burrice astronômica.
Onde foi que nós erramos?
Como é possível defender Nicolás Maduro ou a ditadura cubana, regimes falidos onde uma casta dominante vive no luxo enquanto o povo está na miséria?
Como é possível eleger Trump e Bolsonaro, personagens que não colocaríamos como síndicos dos nossos condomínios?
Basta criar uma narrativa e tudo se resolve.
Em sã consciência, como alguém pode apoiar a invasão da Ucrânia, um país independente, e levar à morte crianças e idosos? A narrativa é que Putin é uma força para combater a América. E por que cargas d’agua a América precisa ser combatida? Fez alguma diferença para as crianças ucranianas assassinadas que Putin é contra a América?
Como apoiar o grupo terrorista Hamas que praticou barbaridades dignas de Genghis Khan, como queimar famílias vivas, assar um bebê no forno na frente da mãe, estuprar meninas até quebrar seus quadris com o argumento de que esses bárbaros estão a lutar pela causa palestina, uma agenda da esquerda? E quem disse que a causa palestina é um movimento de esquerda? E se fosse, isso justificaria seus crimes? Os terroristas têm ódio dos judeus, não tem ideologia. Os israelenses assassinados nos kibutzim eram de esquerda, por isso viviam em comunidades.
Não existe outra forma de ajudar os palestinos sem ser queimando seres humanos vivos? Quem disse que a menina estuprada era a favor de Benjamin Netanyahu? Quem disse que a mãe que viu seu bebê no micro-ondas era contra um estado palestino?
Voltamos à Idade da Pedra, onde tudo era resolvido com pedradas.
Existe dinheiro do Irã, do Catar, de vários países, por trás desse apoio aos hunos do século XXI, mas que pessoas sem ética aceitam esses trinta dinheiros?
A partir de que momento o extremismo retrógrado e misógino islâmico passou a ser aceito, e a civilização israelense a ser rejeitada?
Fanáticos islâmicos esfaqueiam pessoas nas cidades europeias, mutilaram Salman Rushdie, jogaram carros contra multidões em New Orleans e Magdeburg, mas não há manifestações contra eles.
No entanto, fazem manifestações contra Israel que se defende de grupos terroristas que pregam sua destruição. A narrativa é que Israel apoia a América e vice-versa. Desde quando apoiar a América passou a ser crime contra a humanidade?
Como explicar que defensores dos direitos das mulheres e dos gays não criticam o governo machista do Irã? No ano passado, os aiatolás condenaram à morte 250 iranianas que protestavam pela liberdade de mostrar os cabelos e enforcaram centenas de homossexuais. Nenhum protesto em Harvard, Columbia, Champs Élysées ou Oxford Street. Quem cala consente.
Esses “grupos de direitos humanos” apoiam o Irã porque acreditam que esse governo é contra o grande Satã, como os aiatolás chamam a América do Norte. A verdade é que são contra a cultura ocidental. Quem disse que o regime iraniano está preocupado com filigranas políticos da direita ou da esquerda? Quem disse que Khamenei leu Karl Marx ou Alfred Rosenberg? Sua única inspiração é a Sharia, que não tem ideologia, é idolatria, escrita 1.000 anos antes da Revolução Francesa. Foi no Diretório francês que surgiram os termos Direita e Esquerda, “si vous ne saviez pas”.
De que maneira a polarização política conseguiu penetrar nos cromossomas, no DNA, nos genes do Homo Sapiens e nos fez regredir centenas de milhares de anos?
Chega de torcer para o Lobo Mau. Vamos torcer novamente para Chapeuzinho Vermelho. Sem conotação política com a cor do chapéu, por favor.
Perfeito, Marcio, como sempre. Bem nessa linha, Simon Sebag Montefiore, recentemente no Brasil, disse uma frase que me marcou muito (aliás, disse muitas): que essa decadência de valores que estamos vivendo não é a exceção na história da humanidade, é a regra, que só foi quebrada a um custo altíssimo a partir de 1945, e não durou nem bem 80 anos. Estamos a perder tudo que conquistamos nesse período, voltando não apenas a 1945, e sim a 1045, ou antes.
Anos atrás eu pregava que a humanidade caminhava inexoravelmente para uma civilização escandinava baseado em alguns fatos que só olhando em retrospectiva a gente enxerga, quem não se lembra que as crianças tinham espingardas de ar comprimido para matar passarinhos e camaleões (em Cachoeiro de Itapemirim nos anos 60 e 70 era normal), hoje em dia não existe mais isso assim como não ha mais animais em circos entre outras evoluções civilizatórias, mas aí me deparei com amigos achando normal o que aconteceu em Manaus na Pandemia, uma experiência que não deveu nada a Josef Mengele, louvando um lunatico psicopata que fazia troça na TV das pessoas com Covid sem folego. Dito isso volto atrás na minha pregação e concordo com tudo que voce disse, Marcio.