#OParadoxoDoOscar
Para os defensores da democracia liberal, o ódio e o ressentimento existem nos outros – só que a disputa pela estatueta em Hollywood tornou a situação mais complexa
Na “Folha de S.Paulo”, o colunista Oscar Vilhena avisa
Não basta defender a democracia
O próprio conceito está sob forte disputa
Sim, sim, o colunista, que é professor de direito da FGV e autor de um livro sobre a Constituição, observa que muitos daqueles que votaram em Donald Trump caíram na conversa fiada do republicano e não entenderam que a escolha do Laranja representa um risco para a democracia como ela deve ser, conforme os ditames do campo liberal.
Como explicar esse aparente paradoxo ou, ao menos, essa falta de cautela por parte da maioria dos eleitores?
Enquanto para o campo liberal a democracia é uma forma de governo em que o exercício do poder pela maioria só será legítimo quando balizado pela constituição e em conformidade com os direitos humanos, inclusive direitos de minorias, para populistas muitos desses direitos e balizas constitucionais são descritos como obstáculos espúrios à plena realização da vontade do povo, devendo, portanto, ser abandonados
Desse modo, é fundamental ensinar para o povão que a democracia não combina com os instintos mais primitivos abordados logo abaixo por Oscar Vilhena:
O ressentimento ou a frustração de muitos eleitores com os rumos tomados pelas democracias liberais, especialmente com o modo como as elites manipulam o sistema a seu favor, têm favorecido o surgimento de líderes populistas que prometem acabar com tudo isso. Nesse sentido, populistas se apresentam não apenas como os autênticos intérpretes da vontade do povo, mas como os únicos dispostos a desatar as amarras que contêm o poder dos cidadãos.
O leitor e a leitora de NEIM já entenderam o argumento do Vilhena, certo? Ressentimento e frustração não são bons conselheiros na hora do voto, uma vez que esses sentimentos abrem espaço para líderes populistas (isto é, valentões que querem impor sua vontade à força, sem considerar os direitos das minorias ou mesmo as questões da diversidade, conforme o entendimento dos liberais).