#OPesadeloYuppie
As narrativas surreais e completamente selvagens que ainda dominam o nosso imaginário
O termo yuppie - Young Urban Professional - apareceu pela primeira vez em 1980 num artigo escrito pelo jornalista Dan Rottenberg e designa uma nova classe profissional composta por jovens solteiros de classe média que, na direção oposta à tomada por seus pais, decidem sair dos subúrbios e voltarem para os centros comerciais e financeiros das grandes metrópoles americanas. Morando em antigos galpões convertidos em apartamentos e lofts, os yuppies vieram a se tornar o símbolo dos anos 80 e da era Ronald Reagan. Se os hippies dos anos 60 eram ligados ao hedonismo da contracultura, à Era de Aquário e à Revolução Sexual, os yuppies eram o oposto.
Os yuppies seriam, segundo Fredric Jameson, uma das consequências sociais mais visíveis da pós-modernidade, junto à ascensão das conglomerados corporativos transnacionais, da internet e do boom informacional (a nova divisão de trabalho e Terceira Revolução Industrial) e, também, a “nova dinâmica vertiginosa de transações bancárias internacionais e das bolsas de valores”. Todo o excesso dessa década foi perfeitamente sintetizado na época pela dupla Bud Fox (Charlie Sheen) e Gordon Gekko (Michael Douglas) no filme Wall Street - Poder e cobiça (Wall Street, 1987), de Oliver Stone. No entanto, o ciclo de filmes conhecidos como pesadelo yuppie é tão emblemático da época e da classe social quanto o drama criminal de Stone. Os yuppies seriam, assim, segundo Fredric Jameson, uma das consequências sociais mais visíveis da pós-modernidade, junto à ascensão das conglomerados corporativos transnacionais, da internet e do boom informacional (a nova divisão de trabalho e Terceira Revolução Industrial) e, também, a “nova dinâmica vertiginosa de transações bancárias internacionais e das bolsas de valores”.
Depois de horas (After Hours), de Martin Scorsese.
Tempos modernos (Modern Times), de Charlie Chaplin.
O subgênero (ou ciclo) foi identificado por Leighton Grist em seu estudo sobre os filmes de Martin Scorsese, mas posteriormente desenvolvido em um artigo de 2015, Into the Night & After Hours: How BB King, John Landis and Martin Scorsese Fit Into the Yuppie Nightmare Cycle, por Kelly Konda, expandindo o ciclo para incluir filmes como Um romance muito perigoso (Into the night, 1985, de John Landis), Totalmente selvagem (Something wild, 1986, de Jonathan Demme), Veludo azul (Blue Velvet, 1986, de David Lynch) e Encontro às escuras (Blind date, 1987, de Blake Edwards). Misturando a tradicional comédia screwball (“amalucada”), aperfeiçoada por diretores como Howard Hawks, Frank Capra e Preston Sturges com o film noir, o ciclo de filmes do pesadelo yuppie colocam esses tipos sociais em situações surreais, inusitadas, sombrias e também cômicas. Os filmes misturam violência com comédia pastelão; são povoados por personagens bizarros, caricatos, que aparecem só à noite; ritmo de sonho (ou pesadelo) e sempre situados em grandes metrópoles, à noite, onde os protagonistas, geralmente em busca de alguma aventura sexual, se deparam com misteriosas femme fatales, que entram nas vidas do protagonistas de forma abrupta, como se elas tivessem colocadas ali por uma força maior.