#OPlebiscitoDoKim
Kim Kataguiri propôs um plebiscito para consultar os brasileiros sobre a convocação de uma nova Constituinte
A imprensa é lenta com o que realmente importa.
Na segunda-feira, 7 de abril, Kataguiri propôs um plebiscito para consultar a população sobre a necessidade de uma nova Constituição.
O processo é lento. A impressão que se tem é de que o assunto é irrelevante. Ou será que muitos ficam à espreita, aguardando sinais e uma mensagem de fumaça no WhatsApp para se sentirem autorizados a falar sobre isso? Não, não pode ser. Temos uma imprensa livre, independente, total e completamente imparcial.
Mas aqui no meu relógio são 10h20 de terça-feira e só a CNN de São Paulo, Correio Braziliense e Rádio Itatiaia abordaram brevemente o assunto.
Até ontem, enquanto o assunto do Kataguiri era a prostituição, as notícias pareciam proliferar mais alvoroçadas. Fiz piada com o tema, alguns fãs do deputado nem gostaram. A gente não deve brincar com coisa séria...
Agora, mexer com uma piada de 250 artigos, que já passou por mais de 130 modificações e segue veementemente ignorada pelas mais altas cortes de justiça do país, isso é de uma desimportância colossal.
Afinal, o que é a Constituição efêmera de um país diante da prostituição, essa consolidada, inabalável e permanente profissão, não é mesmo?
Kim está coletando assinaturas na Câmara dos Deputados para viabilizar a tramitação do projeto – são necessárias 171 assinaturas, no mínimo. Caso o plebiscito ocorra e seja aprovado pela população, o novo Congresso eleito em 2026 atuaria como Assembleia Nacional Constituinte. São tantas emoções.
Enquanto Bolsonaro passou a vida lançando perdigotos na Câmara, esperando que alguém o convidasse para participar de esqueminhas e esquemões, vem um jovenzinho e convoca uma Constituinte? Isso pode não dar em nada e, mesmo assim, é alguma coisa.
Ainda que eu saiba que meus compatriotas preferem morrer abraçados com o atraso e a mediocridade, só porque já estamos acostumados com isso, sou um otimista.
De qualquer maneira, quem sai aos seus não degenera, a minha primeira reação não fugiu muito da mediocridade predominante: “Com esse Congresso, fazer nova Constituição? Esse moleque tá maluco”.
Depois pensei: a Constituição de 1988, essa que tanta gente muito honesta não cansa de louvar no discurso e chutar na prática, foi aprovada em meio às brigas que incluíam Lula, Sarney e outras mentes semelhantes na Câmara... Então, fui ouvir o rapaz e percebi que há uma intenção clara nesse plebiscito: a segurança pública.
Com a atual Constituição, o crime tende a ser sempre mais organizado e racional do que as instituições que deveriam combatê-lo.
Kataguiri cita um estudo de Pery Shikida, especialista em economia do crime, que obviamente também não ganhou muita visibilidade na imprensa. [Como aqui NãoÉImprensa, sou favorável a coletar assinaturas dos assinantes para que Diogos e Danilo entrevistem o Shikida].
Ao contrário de outros economistas, que estudam o crime da perspectiva das instituições e seus representantes, Shikida procura conhecer as motivações dos próprios detentos. O que ajuda a desmontar a ideia de que o bandido é só um fantochinho acéfalo conduzido pela pressão da desigualdade social.
No estudo que embasa o projeto de Kataguiri, foram entrevistados 408 presos da região metropolitana de São Paulo. Shikida demonstrou o que todo mundo já sabe: os criminosos cometem crimes porque a punição é menor e menos provável do que o ganho que eles podem obter da ação criminosa. É uma decisão absolutamente racional.
Mais de 80% dos bandidos afirmaram que provavelmente não cometeriam crimes se existisse prisão perpétua ou pena de morte no país. Mais uma vez, a razão comanda.
Se ele fizesse o mesmo estudo entre os políticos corruptos do país, provavelmente obteria respostas semelhantes.
A impunidade, com mais impunidade, multiplicada por outro tanto de impunidade, faz com que o ser humano busque o que parecer mais fácil. Quem diria? Imagino a cara da maioria dos professores da USP, da UFRJ e de outras tantas universidades, inclusive da própria Unioeste que abriga o professor Shikida, diante do óbvio e ululante.
A ideia fajuta de que a desigualdade social é a maior causa da criminalidade é só isso mesmo: fajuta. Aliás, desconfio que a insistência na ideia de que o pobre tende a ser bandido porque é pobre pode ser uma das causas da existência daquele extraterrestre que os petistas olham com estranheza e curiosidade: o pobre de direita.
O que evidentemente não significa que a pobreza seja condição de virtude e inimputabilidade. Depois que jogaram a noção de natureza humana no lixo, tem coisas que precisam de explicaçãozinhas bem detalhadinhas.
O dinogogo do STF foi aplaudido pelos “movimentos sociais” que estavam no plenário para o tal julgamento da ADPF das favelas – aquele que, segundo Perdeu Mané não queria criminalizar os policiais. Sim, senhores, aplaudido. O ministro da Suprema Corte foi aplaudido!
Será que as ONGs que foram recebidas por Dino e receberam muitos cuidado$ de Dino, quando ele habitava o Ministério da Justiça, estavam lá aplaudindo?
Perguntar não ofende, certo?
Então, que venha o plebiscito do Kim.
Eu acho que não é má ideia.
Com esse Congresso?? Sei não.. A única coisa que poderia sair de bom é limitarem o poder do STF.. Nesses 40 anos de constituição o STF passou de um tribunal constitucional para um tribunal político a partir do momento, para variar, que Lula assumiu o poder e colocou lá o "amigo do amigo de meu pai" mas, sem esquecer Fernando Henrique com a sua verdadeira herança maldita.. "Beiçola"