Por Adaubam Pires
Devido a meus gostos idiossincráticos, parei tudo para assistir outro dia a um documentário sobre o Fleetwood Mac no YouTube. Trabalho bem feito, padrão BBC de vinte anos atrás. Logo na abertura, o narrador apresenta resumidamente o calvário de crises, tragédias, brigas e traições que a banda experimentou ao longo de sua história e conclui assim: “se tem um grupo que já viu de tudo, este grupo é o Fleetwood Mac.”
Certamente, o narrador da BBC não conhecia a realidade do contribuinte brasileiro. Nós, os fiéis pagadores de impostos, já vimos de tudo neste país, desde fiscais do Sarney até sequestro de poupança, desde os controversos incentivos da linha branca até renúncias fiscais para fomentar questionáveis iniciativas “culturais”. Os homéricos bafafás entre os integrantes do Fleetwood Mac são fichinha perto do nosso sistema tributário, um amontoado de diferentes alíquotas dos mais diversos impostos, todos caindo em cascata no bolso do contribuinte. A última novidade é o tal do imposto do pecado.
Imposto do pecado. A coisa soa muito estranha. Brasília, of all people, querendo estabelecer moral de conduta. Procuro saber mais do que se trata e me deparo com esta pérola:
O “imposto do pecado” foi criado pela reforma tributária e vai incidir sobre produtos danosos à saúde humana e ao meio ambiente, de forma a impactar seu consumo — ou seja, teoricamente, sem objetivo de arrecadar.