#OráculodeLondon
Como Ivan Lessa previu o esquecimento de Paulo Francis há quase 25 anos
Estimulado pela recente conversa entre Diogo Mainardi e Martim Vasques da Cunha, o estagiário do NEIM resolveu esmiuçar a internet em busca de vídeos sobre Ivan Lessa e se deparou com essa curiosa entrevista que o escritor e jornalista brasileiro concedeu a Alberto Dines, no antigo Observatório da Imprensa:
Era maio de 2001, o primeiro ano do novo milênio, e fazia um bonito dia de sol na primavera londrina (o estagiário viveu alguns anos em Londres e pode confirmar que isso não é normal).
Curiosamente, 23 anos separavam Ivan Lessa da última vez que havia estado no Brasil, em 1978, assim como 23 anos nos separam dessa entrevista.
Entre um cigarrinho e outro, o mestre fala sobre o Bananão, a vida de exilado e os amigos. Paulo Francis, como era de se esperar, ocupa um bom espaço da conversa. Ele tinha morrido apenas quatro anos antes, em 1997, mas os amigos e admiradores já se espantavam com a falta de homenagens no Brasil (“E o Francis, não se fala nele?”). Dines quer saber a opinião de Lessa. O mestre vira a cabeça, coça a orelha e dá o veredito (a partir dos 24:00):
“No Brasil, 24 horas depois tudo tá esquecido. (...) O Francis foi-se e é isso aí, já era.”
Durante um certo período, muitos anos atrás, Diogo Mainardi ficou conhecido como o “Oráculo de Ipanema”. A entrevista com Ivan Lessa mostra que o nosso Doge de Veneza — ou o amigo veneziano para os íntimos — teve um grande professor na arte das adivinhações.
Pobre Ivan,mal sabia ele que 20 anos depois os chargistas estariam todos agarrados nos sacos de políticos.
Sobre isso nunca esqueci o encontro antológico entre Hemingway, morto há 20 anos e Goethe, morto há 100 anos, um encontro descrito por Milan Kundera sobre a Imortalidade.