Welcome my son
Welcome to the machine
Where have you been?
It's alright we know where you've been
(Welcome To The Machine, Pink Floyd)
Nos meus ensaios falo constantemente de: crepúsculo; ocaso; transição; mal-estar; inquietação; loucura; passagem. Tecnologia, civilização, apocalipse. Fins e começos; começos e fins. Tudo isso se amarra no conceito de outro termo que empreguei de forma recorrente: liminaridade.
Liminaridade é um conceito que se origina no terreno da antropologia, e sua teorização se dá, em especial, com um autor desconhecido: Arnold van Gennep. O trabalho deste pensador e pesquisador extraordinário se perdeu nos anos, em especial após ter sido deliberadamente sabotado na academia francesa por Émile Durkheim e outros pesquisadores ligados a ele. Essa história, assim como a surpreendente e brilhante trajetória deste intelectual foi refeita pelo antropólogo Bjørn Thomassen em seu livro Liminality and the Modern (2012). Nele, Thomassen faz um sucinto traçado biográfico da carreira de van Gennep, assim como reformula o conceito de liminaridade. Trata-se de um conceito simples, e mesmo elegante, mas que guarda uma enorme complexidade (semelhante ao conceito de desejo mimético, de René Girard, por exemplo). Podemos resumir liminaridade como sendo o entre.