#PassandoPano

Os intelectuais do regime admitem que o Estado é ineficiente, mas preferem culpar o "neoliberalismo" ao invés dos políticos incompententes e corruptos

Na Folha de hoje, o economista André Roncaglia é ousado para colocar a culpa da tragédia gaúcha em conceitos abstratos, mas não para se indispor com o guru das planilhas da Odebrecht.

Em suma, Roncaglia sugere que o neoliberalismo é culpado pela crise climática, e a falta de investimentos, planejamento e infraestrutura no Rio Grande do Sul é culpa da “mão invisível do mercado”.

Vamos ligar o tradutor de lero-lero.

Intelectuais são assim: tigrões com conceitos, mas tchutchucas com os políticos incompetentes e um monte de corruptos que nos governam.

É fácil colocar a culpa em conceitos abstratos como “neoliberalismo” e “mão invisível do estado” para não ter de encarar o fato de que a falta de investimentos, planejamento e infraestrutura está diretamente ligada aos dirigentes políticos que Roncaglia não ousa criticar nominalmente.

Textos assim sempre caem em todos os clichês de quem pretende acenar uma bandeirola para os poderosos. Porque há inúmeras vantagens em passar um pano para quem está no poder. O único problema é que não tem cargo comissionado disponível para todo mundo.

Roncaglia só está certo quando abre aspas para citar a moral de O Leopardo, de Lampedusa: “tudo deve mudar para que tudo fique como está”. Ele só finge não perceber o quanto contribui para isso.

No fundo, ele critica abstrações porque é melhor que tudo fique realmente como está. É assim que vai garantir uma coluna no jornal. E quem sabe dar voos mais altos, como um de seus companheiros de podcast, Elias Jabbour, que acenou com entusiasmo as bandeirolas e acabou arrumando uma sinecura no Banco da Dilma.

O guru das planilhas da Odebrecht com o séquito de intelectuais do regime