#PiorDosMundos
Quanto pior, melhor. O grande plano é esperar que o possível desgaste político de Trump dê mais palanque para Lula
Segundo Cantanhêde, a brilhante estratégia política que parece guiar Brasília é uma espécie de aposta de que, muito em breve, Trump terá sua popularidade abalada.
E, nesse cenário, as entrevistas de Haddad, Lula e Alexandre de Moraes à imprensa internacional funcionariam como uma vitrine democrática – uma forma de mostrar ao mundo que, por aqui, somos os mocinhos, enquanto Trump, Eduardo Bolsonaro e Figueiredo encarnam os vilões da vez.
A teoria furada de Cantanhêde é de que a estratégia em curso seria uma forma heróica do Supremo tomar as rédeas, já que o governo está sem munição. Quando o Executivo falha na missão, o Judiciário está autorizado a vestir a fantasia de salvador da pátria. Não está autorizado pela Constituição, mas quem se importa com a Constituição? Estamos enfrentando o fascismo, o imperialismo, ataques contra a democracia e a soberania. Cortem a cabeça da Constituição. Democracia é uma espécie de gravata para colocar no pescoço só na hora das entrevistas.
O objetivo de Trump também é fazer propaganda de si mesmo não só como maior líder da direita no mundo, mas como o mais democrata. Ele tem a intenção de vender essa imagem tanto quanto Lula.
Mas Lula e sua companheirada do STF tem um enorme, imenso, gigantesco espaço que a imprensa dá a qualquer tipo de ataque a Trump, à extrema direita e coisas que o valham. Nesse quadro, ninguém vai se preocupar com a situação interna do Brasil.
Para Cantanhêde, a “lua de mel” de Trump com a sociedade americana “tende a ruir quando setores, indústrias e consumidores americanos caírem a real e sentirem no bolso, e na alma, que o Brasil está longe de ser a única vítima de Trump”. Será que o mesmo vale para o Brasil? A situação de Lula e sua companheirada do STF tende a ruir por aqui também? Ou o nosso torpor tem mais dificuldade para passar devido a esse tipo de jornalismo praticado tacanhamente?
A estratégia do Brasil, portanto, é ser vítima. Mas não uma vítima que se encolhe, ou assume o tamanho minúsculo que tem. É uma vítima nobre, gigante pela própria natureza, impávida e colossalmente injustiçada por um vilão muito maligno.
Para o PT tudo está caminhando muito melhor do que eles poderiam imaginar. Aliás, em dois ou três passos de caminhada na bolha petista, Eduardo Bolsonaro pode ser percebido quase como um semideus que abriu os caminhos para que o malvado favorito da esquerda pudesse finalmente ser uma presença marcante no palco. O que importa se, desde 2023, Lula está minando as relações com os americanos?
José Dirceu está disseminando para os quatro ventos: “quem está a favor de Trump está contra o Brasil”. Frequentemente, Dirceu esquece das inúmeras vezes que Lula atuou contra a boa diplomacia: desde navios de guerra iranianos atracaram no Brasil mesmo com vários pedidos da embaixada para que isso não fosse permitido, até Lula declarar que Trump representa o nazismo e a pior coisa que aconteceu para os EUA. Foram inúmeras ações que o PT orquestrou para abalar as relações diplomáticas e a cereja do bolo, quase como se tivessem combinado, foi a atuação de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo.
Talvez, por isso, até agora, Alexandre de Moraes pouco tenha usado o seu facão para cortar a atuação de Eduardo e Figueiredo. Enquanto outros são rapidamente presos e emudecidos, os dois continuam lépidos fazendo o que bem entendem.
Todo esse cenário é péssimo para o Brasil. Tem um potencial destrutivo óbvio. A irresponsabilidade e a delinquência que hoje tomam conta de praticamente todas as posições de autoridade no Brasil é realmente assustadora. Mas para quem sonha com o colapso do imperialismo americano desde jovem, o mundo nunca foi tão bom!
Nem trocar uma fralda imunda o Brasil consegue, mas está enfrentando o “imperialismo americano”.
Alguém ainda lê Eliane Cantanhede?
Vítimas de Trump? Ora, ora… Somos vítimas dos nossos próprios votos, das escolhas estapafúrdias que fazemos.