#PoltronaAmarela
Não é difícil imaginar a humilhação de Lula numa sabatina com Trump na Sala Oval
O voo direto de São Paulo até a Cidade do Cabo, na África do Sul, tem duração média de sete horas e meia. Visitar essa cidade é uma experiência que vai além do prazer: trata-se de um dos destinos turísticos mais encantadores do mundo. A região oferece múltiplas atrações: naturais, como a Table Mountain, o Cabo da Boa Esperança e a Boulders Beach; históricas, como a Robben Island; e gastronômicas, com mais de cem vinhedos espalhados ao redor da cidade, incluindo Stellenbosch, Franschhoek, Paarl e outros.
Aprendi a amar a África do Sul, mas não foi pela culinária — embora eu aprecie bastante o que se serve (e se bebe) por lá. O que me conquistou foram meus dois netos, que nasceram e vivem naquele país. Sempre que as condições econômicas permitem, os avós atravessam o oceano para matar a saudade.
Como em tantas outras partes do mundo, a África do Sul enfrenta seus próprios desafios e tensões políticas. Embora o capítulo do apartheid esteja encerrado, ele deixou marcas profundas. Há ainda uma minoria política, barulhenta e ressentida, que não se conforma com os rumos da história e reivindica reparações adicionais, mesmo após a conclusão de um amplo processo de justiça histórica, cujo ápice foi a Comissão de Verdade e Reconciliação (Truth and Reconciliation Commission), marco no encerramento oficial daquele regime de triste memória.
A transformação da África do Sul foi lenta e gradual. Embora pouco conhecido no Brasil, Albert Luthuli (1898–1967) merece destaque. O chefe tribal zulu, professor, ativista cristão e presidente do Congresso Nacional Africano (ANC) foi o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1960. Tornou-se uma figura central na luta contra o apartheid, defendendo a resistência não violenta.
Outro gigante sul-africano foi o bispo anglicano Desmond Tutu (1931–2021), incansável defensor dos direitos humanos e influente combatente do apartheid. Ganhador do Nobel da Paz em 1984, Tutu presidiu a Comissão de Verdade e Reconciliação, promovendo o perdão, a cura e a reconstrução nacional. Seu legado é de compaixão, coragem e defesa incondicional da dignidade humana.
Em 1993, a África do Sul foi novamente reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz, dividido entre duas figuras fundamentais na transição democrática: Frederik Willem de Klerk (1936–2021), o último presidente do país sob o regime do apartheid, que libertou Nelson Mandela em 1990, legalizou partidos até então proibidos e iniciou o processo de negociação rumo ao fim do regime; e Nelson Mandela (1918–2013), símbolo mundial da resistência pacífica, que passou 27 anos na prisão por sua luta contra o apartheid. Mandela tornou-se presidente em 1994 e liderou a transição para uma democracia multirracial, promovendo a união de um país profundamente dividido.
O que é história recente, Hollywood já retratou. Mas a realidade atual é dura e desafiadora. O desemprego atinge 32% da população e, embora a economia sul-africana seja mais sólida do que a brasileira, projeta-se apenas um crescimento modesto para os próximos anos.
Nas eleições de 2024, o Congresso Nacional Africano (ANC) perdeu a maioria absoluta, tornando necessária a formação de um governo de unidade nacional em coalizão com outros partidos. Esse arranjo reforçou o caráter multipartidário do regime político sul-africano. À semelhança do Brasil, embora em escala ainda mais ampla, a África do Sul abriga cerca de 50 partidos políticos, o que evidencia a diversidade e a complexidade de sua vida democrática.
O presidente Cyril Ramaphosa demonstrou maior astúcia política do que Lula ao visitar Donald Trump na Casa Branca, em maio passado. Durante o encontro, o presidente americano o confrontou diretamente sobre os direitos humanos da minoria branca, mencionando casos de fazendeiros supostamente assassinados por motivações políticas. Ao final, Trump anunciou medidas retaliatórias, incluindo a suspensão parcial da ajuda externa dos Estados Unidos à África do Sul — um gesto simbólico e midiático de forte impacto diplomático.
Revisitar os melhores momentos desse encontro nos permite imaginar como será quando Lula ocupar a poltrona amarela e Trump, mais uma vez, transformar o Salão Oval em palco de um reality show transmitido ao mundo inteiro.
O tradutor simultâneo vai precisar se desdobrar para captar com precisão os matizes da conversa, ora em inglês, ora em português. Mal posso esperar para comprar a pipoca.
Aposto que a conversa do Lula na poltrona amarela não vai acontecer. Ele só tem a perder, não vai arriscar tudo neste lance. Vai continuar com as provocações à distância pro seu pessoal aplaudir
Gostei, inclusive da retrospectiva histórica!
PS: posso ousar dar uma dica de outro lugar com belezas exóticas? Deserto do Atacama. Céu estrelado mais lindo que já vi!
Precisando voltar para o deserto…🔥