A dificuldade está em ser popular sendo verdadeiro!
Ontem foi meu aniversário: 47 anos. E sigo me sentindo um idiota em situações que, teoricamente, a idade deveria ter resolvido.
Quando li pela primeira vez aquela tal frase do Sócrates “só sei que nada sei”, eu ri. Não porque entendi a profundidade, mas porque achei engraçada mesmo. Era imaturo o suficiente pra não perceber que aquela frase me explicaria no futuro e na prática.
Hoje, quanto mais velho eu fico, mais cresce a impressão de que eu não sei nada daquilo que achava que sabia.
E é justamente essa sensação de ignorância, de não saber lidar com o mundo, que me atingiu de novo essa semana, ao ver uma notícia que, pra mim, não é sobre política. É sobre valores.
Antes de continuar, eu faço dois pedidos:
Fica comigo até o fim, não é uma postagem pessoal.
Esquece seu viés político, só até o fim do texto, e presta atenção na ideia. (É surreal ter que pedir isso, mas cá estamos.)
Essa semana vazaram mensagens do celular do Eduardo Bolsonaro. Não vou entrar no mérito legal, nem político. Estou falando só do conteúdo. A frase foi:
“VTNC seu ingrato do caralho.”
Forte, certo? Se você manda isso pra alguém na rua, já rola uma treta. Agora imagina dizer isso pro próprio pai... E o pai, no caso, em prisão domiciliar.
Fiz uma postagem sobre essa mensagem. Foi essa aqui:
A reação foi imediata: perdi mais de 500 seguidores. Apareceram comentários como: “e isso é crime?”, “e o INSS?”, “olha o isentão aí”.
É aqui que eu me sinto idiota. Aos 47 anos, eu já deveria saber que redes sociais não são um espaço pra diálogo, são trincheiras. Gritou contra “nosso lado”? Vira inimigo.
E a maior parte dos engajados não está debatendo, está obedecendo. Nem pensam: reagem como soldados em treinamento automático.
É o famoso pregar pra convertido. Todo mundo já tem opinião formada, mesmo que mal pensada.
Escrevendo este texto eu me pergunto:
Por que eu ainda insisto? Por que não fico na minha e simplesmente paro de falar sobre política?
Mas isso, pra mim, nem é sobre política. É sobre valores. Sobre o abismo entre o que se prega e o que se pratica.
Se você levanta a bandeira “Deus, pátria, família” como lema de vida e de campanha, como justificar um ataque verbal tão violento ao próprio pai?
Se “família” é um valor cristão inegociável, cadê o respeito básico? Se isso não contradiz o lema, então o lema virou só marketing.
Não me parece um pensamento sofisticado demais chegar nessa conclusão. Ou as pessoas realmente não entenderam ou fingiram não entender.
E se for a segunda opção, é preocupante. Porque quando você aceita qualquer coisa vinda do seu líder, já não é mais apoio. É seita.
Mas o que me aflige não é isso. É o dilema que esse episódio me colocou:
Falo o que penso e corro o risco de ser mal interpretado?
Ou posto qualquer outra coisa que não me represente, só pra agradar?
Na primeira, mantenho minha integridade e perco parte do público.
Na segunda, ganho mais likes, mas viro um cínico domesticado.
E é isso que as redes sociais exigem: dissimulação. Fingir, agradar, evitar o conflito. Porque mais seguidores significam mais oportunidades. Menos seguidores? Você vira só mais um irrelevante.
E o presente que os 47 anos me deram foi esse dilema:
Vale mais a pena ser ouvido dizendo o que não acredita, ou calado por dizer o que acredita?
Talvez a resposta diga mais sobre o mundo do que sobre mim.
Liga pra comentários não Oscar!
Sem querer bugar seu cérebro, mas vai aqui uma provocação: já parou pra pensar que esta frase do Eduardo para o pai pode ter sido uma encenação? Se eu tivesse uma investida tão pesada contra mim como eles estão eu imaginaria estar sendo gravado.
Esta frase parece ser uma tentativa de descolar Bolsonaro (pai) do tarifaço e fazer ele parecer um mártir disposto a ir preso desde que a anistia seja aprovada para os baderneiros do 08/jan.
Sei lá também kkkk
Provavelmente não sei de nada assim como você
TMJ 👊🏻
Vejo como um presente perder estes seguidores.