A chamada “pós-modernidade” é um dos fenômenos políticos, sociais e culturais mais complexos e disputados dos tempos recentes. Apesar de ter sido (e ainda ser) extensamente analisada e debatida por inúmeros autores ao longo de décadas, podemos dizer que o termo se refere a uma tentativa de se classificar o estado e a condição histórica única do Ocidente ao final do século XX e início do século XXI.
A partir do final dos anos 70, a noção de pós-modernidade fez a sua entrada no palco intelectual com o fim de qualificar o novo estado cultural das sociedade desenvolvidas. Tendo surgido inicialmente no discurso arquitetônico (em reação ao estilo internacional), ela bem depressa foi mobilizada para designar ora o abalo dos alicerces absolutos da racionalidade e o fracasso das grandes ideologias da história, ora a poderosa dinâmica de individualização e de pluralização de nossas sociedades. Para além das diversas interpretações propostas, impôs-se a idéia de que estávamos diante de uma sociedade mais diversa, mais facultativa, menos carregada de expectativas em relação ao futuro.
Os tempos hipermodernos, Gilles Lipovestky com Sebastién Charles. Trad. Mário Vilela. Editora Barcarolla. São Paulo, 2004. Pág. 51.
A ascensão da sociedade de consumo; a proliferação da cultura de massa, amplificada pela TV a cabo e pela internet, maximizando o fluxo de informação; a globalização, em especial após o fim da União Soviética, integrando todo o planeta em complexas redes de troca, estabelecendo um mercado efetivamente global; com essa globalização e ascensão da sociedade de consumo temos o enfraquecimento quando uma dissolução de referenciais tradicionais, como as religiões e os Estados-nação, em nome de uma maior integração; o fim dessa “homogeneidade” cultural levou à ascensão dos movimentos e pautas identitárias, que se fragmentam cada vez mais em nichos e subgrupos.