#QueFaltaFazACarta!
A onipresença do smartphone tem servido como uma maquininha pessoal de moer cérebros e apagar neurônios.
Por Fernando Lima Cunha
CORRESPONDÊNCIA, CARTA, EPÍSTOLA: tão importante foi este meio de comunicação que, sem ele, não haveria o Cristianismo tal como o conhecemos. Em grande parte, a religião cristã foi fundada por meio da comunicação epistolar. Os santos apóstolos — São Paulo em especial — enviavam cartas a diferentes comunidades cristãs espalhadas pela Grécia, Ásia Menor (que compreende a atual região da Turquia), e mesmo ao centro do mundo de então, Roma. Por meio delas, os apóstolos fortaleciam os adeptos da nova fé e estabeleciam os marcos da nova religião nascida há poucas décadas na Judéia.
As cartas tiveram um papel preponderante ao longo da História. Por elas, guerras iniciaram e guerras terminaram. Via carta — mensagens escritas em papel, o que incide numa fragilidade material evidente —, o destino de populações inteiras foi selado, para o bem e para o mal. A confiança depositada na compreensão de uma mensagem escrita em carta pressupunha outras confianças anteriores, como a devida chegada às mãos certas, e depois, a leitura cuidadosa da correspondência. Cartas tinham um peso documental impressionante e, desde tempos remotos, a sua inviolabilidade — malgrado a facilidade mesma da violação — era considerada uma infâmia, uma covardia e até um crime capital.