#QuemMatouEdgarAllanPoe
O maior mistério da história da literatura acaba de completar 175 anos
Por Adaubam Pires
Baltimore, 3 de outubro de 1849. Naquela tarde fria e chuvosa, Joseph W. Walker, tipógrafo do jornal Baltimore Saturday Visiter, apressava o passo pela Lombard Street quando, em frente à taberna Gunner’s Hall, viu um homem caído no chão. Era dia de eleição em Baltimore e a ampla taberna, propriedade de um certo Cornelius Ryan, servia também como local de votação do 4º. distrito de Baltimore (convenhamos, não há local melhor que uma taberna para atrair eleitores). Se vagabundo bêbado tropeçando em sarjeta não é visão incomum, imagina isso em dia de eleição, especialmente na taberna do Ryan, uma das mais infames da cidade. Mas em vez de descartar a imagem do homem no chão como de apenas mais um bêbado, Walker se sentiu compelido a dar uma olhada melhor no pobre diabo, como se uma força sobrenatural o impelisse a isso. O homem estava imundo, vestindo andrajos, desorientado e delirante. Ao se aproximar, Walker certificou-se de que era alguém desesperadamente precisando de ajuda. Ao perguntar como se chamava, o tipógrafo conseguiu distinguir um nome entre os balbucios incoerentes: “Edgar Allan Poe”.
São tantos os mistérios envolvendo a morte de Edgar Allan Poe que parece até história saída da pena do próprio escritor. Numa sublime ironia, o pai dos contos de detetive partiu deixando em torno de sua morte um dos maiores enigmas da história da literatura. Poe morreu em circunstâncias nunca esclarecidas na madrugada de 7 de outubro de 1849, um caso insolúvel que no mês passado completou 175 anos intrigando leitores e estudiosos mundo afora. “A Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida”, declarou certa vez Oscar Wilde. No caso de Poe, foi a Morte quem imitou a Arte.