A maior marca da humanidade é a violência: somos animais briguentos e incivis. No último final de semana, uma briga entre torcidas organizadas fez Recife se transformar em Saraievo no auge da guerra. Se fosse um dos tantos levantes que a cidade viu na sua história ou mesmo alguma algazarra promovida por facções criminosas, era compreensível, mas não: apenas torcedores de dois times que se enfrentaram nas ruas. Aliás, o adjetivo organizada não orna com o comportamento das torcidas; elas são sinônimo de caos e desordem.
O ser humano briga por qualquer coisa. O neolítico, que até há pouco era considerado um período pacífico, se mostrou uma era de carnificina, com o descobrimento de valas coletivas com dezenas e até centenas de ossadas. Os arqueólogos começaram a desconfiar que era muita gente para um sacrifício ritual: as sepulturas comuns têm jeito de massacre.