“Sim, o império está doente e, o que é pior, procura habituar-se às suas doenças. O propósito das minhas explorações é o seguinte: perscrutando os vestígios de felicidade que ainda se entreveem, posso medir o grau de penúria. Para descobrir quanta escuridão existe em torno, é preciso concentrar os olhos nas luzes fracas e distantes.”
Em As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino – com tradução do nosso doge de Veneza, Diogo Mainardi, que voltou hoje de merecida folga –, Marco Polo busca amenizar a amargura do imperador Khan que, diante de seu império a “apodrecer como um cadáver no pântano”, não via mais consolação em ouvir as descrições do veneziano.