#SemNovidades
O tão aguardado depoimento de Mauro Cid foi mais um daqueles showzinhos deprimentes que o Brasil está acostumado
Num país sério, um julgamento sobre um golpe de Estado deveria ser tenso e dramático, com bate-bocas entre os advogados, manifestações aguerridas dos sectários separados por cordão de isolamento, com muita bomba de gás lacrimogênio e um grande efetivo da Polícia Militar.
Mas quem ainda tem algum interesse nos julgamentos do STF?
Mauro Cid repetiu o que a imprensa já cansou de divulgar. Mas na hora do show, ao vivo e em transmissão com qualidade 4K organizada pelos técnicos do STF, ele titubeou dizendo não se lembrar muito bem das coisas, embora não tenha esquecido de afirmar categoricamente que não participou de nada, foi apenas um observador das “conversas de bar” nos grupos de WhatsApp dos golpistas trapalhões.
Para a decepção dos influencers bolsonaristas de Miami, Xandão não se portou como o vilão que está prestes a perder o visto americano. Ele comandou a sessão de forma afável, entre uma piadinha infame e outra, resumindo os sambariloves dos advogados de defesa para facilitar a tarefa dos jornalistas que passaram a tarde inteira entre bocejos e breves cochiladas.
A falta de novidade e a inesperada cortesia entre as partes não geraram manchetes.
Nem comentários entusiasmados dos especialistas que fizeram plantão na TV.
O lado bom é que sempre estamos dispostos a fazer piada com a nossa tragédia.
O lado ruim é sempre transformar tudo numa pornochanchada indecente.
Pelo clima de descontração, não seria exagero dizer que essa tentativa de golpe pode acabar da mesma forma que todos os outros escândalos políticos que testemunhamos nas últimas décadas.
É a manifestação daquela famosa não frase do de Gaulle: o Brasil não é um país sério.
"O lado bom é que sempre estamos dispostos a fazer piada com a nossa tragédia." -- Nem sempre, diria Leo Lins.