O novo ministro da Secom, o marqueteiro petista Sidônio Palmeira, assumiu ontem. Em seu discurso de posse, afirmou que as pessoas não conseguem ver as virtudes do governo e que a mentira digital "ameaça a humanidade”. Sidônio fez a campanha eleitoral fracassada de Haddad em 2018 e a bem-sucedida de Lula em 2022.
Ele também preparou a apresentação da isenção de imposto de renda de até R$ 5 mil anunciada por Haddad (contra a vontade do Ministro da Fazenda). Essa apresentação fez o dólar ir às alturas e alcançar o valor mais alto da história. A esperança do PT é que Sidônio reproduza, com a popularidade de Lula, aquilo que conseguiu fazer com a moeda americana. A missão, porém, é difícil.
Lula tem evitado exposição na mídia, preferindo criar uma escassez artificial de sua imagem a se desgastar com discursos apalermados como Bolsonaro fazia no “cercadinho" do Planalto. Por isso, defenestrou Paulo Pimenta e colocou Sidônio no lugar. O presidente espera que alguém seja o seu porta-voz para explicar as asneiras do governo para a população.
O problema é que a maré virou de vez contra Lula. Assim como Hitler cometeu o erro grotesco de abrir duas frentes de combate ao mesmo tempo, o governo petista conseguiu enfurecer os ricos (com o anúncio de uma possível taxação adicional aos que ganham acima de R$ 50 mil por mês) e amedrontar os mais pobres ao fiscalizar o uso do Pix. No meio disso, ainda afastou os investidores ao divulgar a isenção de imposto de renda até R$ 5 mil, gerando ceticismo em relação à saúde fiscal do país.
Para completar, logo que Sidônio entrou na arena, ele já perdeu por nocaute com o vídeo - viralizado ao extremo - do deputado federal Nikolas Ferreira, que explica em detalhes e de maneira cristalina como acontecerá o novo mecanismo do PIX, mas também mostra, acima de tudo, que o povo não confia mais no Partido dos Trabalhadores.
É preciso muita fé no marketing e na estupidez do eleitorado para acreditar que uma estratégia de comunicação irá reverter o estrago político atual. Enquanto Lula tenta se manter discreto, o mesmo não pode ser dito da deslumbrada primeira-dama, que não perde uma oportunidade de aparecer e lembrar o povo do gabarito e das credenciais daqueles que administram este país.
Além disso, a ditadura da Venezuela escancara o autoritarismo da esquerda sul-americana. Até 2026, Maduro terá em seu histórico algumas centenas a mais de adversários presos e mortos. Enquanto isso, as antigas fotos de Lula e Maduro abraçados serão destaque nas campanhas adversárias das próximas eleições presidenciais.
Lula é inteligente, mas já não demonstra ser a raposa política de antigamente. Resta saber se ele realmente acredita que a crise do seu governo está na comunicação, o que seria suicídio político, ou se tudo não passa de um teatro para a imprensa. Lula nunca caiu no maior erro dos ditadores: acreditar em suas próprias mentiras. Diferente de Hugo Chávez, que morreu em Cuba por levar a sério demais a propaganda da medicina cubana, Lula não foi ao SUS tratar seu câncer, mas ao Sírio Libanês. Até hoje, Lula sempre soube distinguir entre o que se diz e o que se faz. Mas talvez também esteja percebendo que, diante de uma crise como a que o governo enfrenta, a distância entre palavras e realidade se torna cada vez mais difícil de ocultar.
Enquanto isso, como bem observou o jornalista Guilherme Macalossi, no duelo de comunicação entre Sidônio e Nikolas, o primeiro está perdendo por 7 a 1. O xis da questão é que o derrotado (como sempre) é o povo brasileiro.
Nikolas, em geral, é um imbecil mas aqui ele mandou bem.
-Lula nunca caiu no maior erro dos ditadores, acreditar em suas próprias mentiras...
Nada descreve melhor o presidente descondenado.