#sigilodefonte: Brasil continua na lanterna do ranking de educação
Metade dos estudantes brasileiros não é capaz encontrar a ideia principal de um texto. Essa é a conclusão do PISA 2023, o mais importante índice de educação básica do mundo.
A nota média do Brasil em leitura teve uma pequena queda, de 413 pontos para 410. Segundo especialistas consultados pela imprensa, outros países tiveram recuos até maiores, principalmente por causa da Pandemia.
Mas na opinião do especialista consultado pelo Não é imprensa, a coisa parece ser um pouco diferente. Ele solicitou sigilo de fonte porque alega ser difícil fazer questionamentos no meio educacional sem sofrer perseguições e represálias. Doutor em Filosofia da Educação pela Universidade de Louvain, na França, ele milita há três décadas na causa da educação. Para ele, a maioria dos países tiveram queda na média e colocaram a culpa na Pandemia, mas tal justificativa não serve para o Brasil. “Para nós a Pandemia não fez diferença alguma, porque desde que a OCDE criou o PISA, em 2000, o desempenho dos nossos alunos é catastrófico. Eu sei que os políticos adoram colocar a culpa nos governos anteriores, mas a gente precisa parar de hipocrisia. A educação no Brasil não é e nunca foi prioridade”.
Iolanda, uma professora com mais de 20 anos de experiência tanto em escolas públicas quanto privadas, partilha da mesma opinião. “O pior é que muita gente acredita que as escolas particulares são muito melhores, mas não é verdade”. No relatório do PISA, os alunos brasileiros de todos os estratos sociais tiveram um desempenho muito ruim nas avaliações.
A professora Iolanda reafirma ser difícil fazer questionamentos no meio educacional, por isso nos pediu para não divulgar seu nome completo nem o local onde trabalha. Atualmente é professora do ensino médio na rede estadual, mas já passou por grandes escolas. “O sistema está cada vez mais caótico. Transferiram para o professor a tarefa de educar moralmente as crianças. A gente não consegue. A maioria das crianças tem comportamentos inadequados e nós, professores, temos que fazer o papel de psicólogos e às vezes até mesmo o de policiais”, afirma, aproveitando para narrar a nossa reportagem uma infinidade de casos de violência que presenciou nos últimos anos.
Outra professora, que também pede sigilo, afirma que todo o problema está na falta de método. “Depois que extinguiram o Magistério, ninguém mais sabe didática. Nas faculdades de Pedagogia tratam muito de teoria, mas os professores não sabem o que fazer com elas nas salas de aula”. Andréia, que é estagiária na mesma escola e estudante do último ano de Pedagogia, concorda com a afirmação da colega. “Falam muito no método Paulo Freire, mas nunca me ensinaram o que é nem como se aplica”.
Para um professor de pedagogia de uma grande Universidade de São Paulo, que também pede anonimato pelos mesmos motivos alegados anteriormente, revela que o ambiente universitário pode ser tão fundamentalista como a política atual. “Não se pode dizer nada que as pessoas começam a gritar. Uma vez fiz uma crítica ao Paulo Freire e fui advertido por uma colega de que eu não deveria depreciar um patrimônio nacional”. Segundo o professor, o método Paulo Freire foi realmente importante para uma época da nossa história, quando se passou a investir na erradicação do analfabetismo na idade adulta. “É uma adaptação do método silábico com alguns princípios do método Laubach” (criado por um missionário protestante, Frank Charles Laubach, que na década de 1930 alfabetizou adultos nas Filipinas). O professor diz que Paulo Freire foi importante nos anos 60 e também para a criação do EJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos), mas o seu método é muito limitado para os problemas educacionais modernos, sobretudo se compararmos ao de outros educadores como Maria Montessori, Lev Vygotsky e Jean Piaget, que continuaram a ser desenvolvidos por meio de seus seguidores. “Eu sei que é polêmico afirmar isso, mas é um absurdo dizer que Paulo Freire é um dos maiores educadores do século XX. E insistir nessa história dele ser patrono da nossa educação só reafirma os números do PISA: estamos estagnados há duas décadas”.
Para a professora Iolanda, além da falta de estrutura, o problema está na parte prática, que é totalmente ignorada nos cursos de Pedagogia. “A realidade é que boa parte das escolas estão destruídas, e maioria dos professores já não sabe o que fazer nas salas de aula. Infelizmente, nas discussões sobre educação, ninguém parece estar preocupado com esses problemas porque agora só querem saber de falar de gênero”, completa.
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é realizado a cada três anos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 81 países, avaliando o desempenho de estudantes de 15 e 16 anos.
Os resultados foram divulgados nesta terça (5/12). O desempenho do Brasil foi ruim, com pontuação abaixo da média: 379 de 472 em matemática, e 410 de 476 em leitura. No ranking de matemática, o Brasil ficou em 65º lugar. No de leitura, em 52º.
Acho que tem uma série de erros... de contas que ñ fecham: ñ lembro agora de qm é a frase, eu ouvi de César Nunes, "a educação ñ está funcionando pq temos um modelo de escola do século XIX com professores do século XX q ensinam para alunos do século XXI";
Eu penso q um dos (muitos) problemas é q nosso currículo é ultra humano, os professores precisam dar conta de conteúdo e as famílias acham q temos q ocupar seus papéis com maestria (pelo menos é isso q muitos dão a entender...)
Tb ñ dá pra ensinar sem gostar de ensinar nem mostrar o prazer da leitura sem gostar de ler...
Existe um monte de retalhos, mas precisamos descobrir como montar e costurar a colcha!