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Tradicional fã de educação de má qualidade, o Brasil agora quer liderar os rankings de deseducação global

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Jacques Meir
fev 06, 2025
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O NEIM noticiou, há alguns dias, a rendição da USP. A “elitista”, influente e, vá lá, reconhecida Universidade de São Paulo, vai modificar o seu exame vestibular para se aproximar do embuste travestido de “prova” do ENEM. Junto com o anúncio veio o corolário de argumentos tecnocráticos e clichês para justificar a coroação da sociologia da “deseducação”. Um processo que se iniciou há cerca de 2 décadas e que tem como objetivo (de)formar alunos e alunas na interpretação de uma realidade chapada, que enaltece uma forma de pensar e um tipo de manifestação cultural baseado na liquidificação (liquidação) de sentidos e disciplinas.

Tudo começa, segundo o site do INEP(TO): “Os participantes fazem provas de quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, que ao todo somam 180 questões objetivas. Os participantes também são avaliados por meio de uma redação, que exige o desenvolvimento de um texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema.” Bom, INEP(TO) quer dizer “Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira”. Uma das ditas “funções” do órgão é cuidar da “prova do ENEM”, Exame Nacional do Ensino Médio, que foi criado em 1998 e “aperfeiçoado” em 2009 (notaram? As coisas são sempre “aperfeiçoadas” nos governos que se dizem mais “democráticos”). O exame deveria avaliar a proficiência, a capacidade e as habilidades dos alunos que buscam acesso ao ensino superior, a partir do seu conhecimento nas diversas disciplinas curriculares, com ênfase na língua portuguesa, nas ciências e na matemática.

Mas na própria definição do escopo do exame, já começamos a ver o processo de diluição, relativização e fundição de ideias e conceitos. As tais 4 áreas de conhecimento envolvem “linguagens e códigos” e não o nosso português, aquele que uso para tentar me comunicar com os leitores. Envolvem as “ciências humanas” e as “ciências da natureza”, apartando as ciências como se fossem elas donas de métodos distintos... O método científico, via de regra, envolve formular hipóteses, testar, aprender, registrar, fazer novas hipóteses e assim por diante. Quanto à matemática, coitada, tornada impenetrável pela total incompatibilidade que nossos educadores demonstram no ensino da mais elegante das disciplinas. Todas as quatro áreas receberam um aposto: “e suas tecnologias”... Talvez o escriba dessa definição desconheça o sentido restrito e definido de “tecnologia”, qual seja, o modo de fazer. Ora, não existe um “modo de fazer” linguagem, por exemplo. A língua é uma forma de expressão e identidade nacional, é parte da nossa vida em sociedade e uma conquista civilizatória, que nos permite transmitir o que pensamos, o que imaginamos, reproduzir o conhecimento e assim por diante. Linguagem tem regras, princípios e aplicações. E o exame do ENEM se dedica a avaliar “um modo de fazer a linguagem e os códigos” e, talvez, esqueça de avaliar como se usa a língua da melhor forma.

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Jacques Meir
Jacques Meir, actually Chief Knowledge Officer at Grupo Padrão, is a provocateur, trend hunter, and speaker, renowned for his expertise in brand management and consumer evolution, especially focusing on Generation Z and, nos, decision-making.
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