PARTE 4
O episódio final de O dia do gafanhoto em si já daria um filme, por seu impacto e complexidade. Se até então havia um fiapo de ingenuidade em Tod, agora, no momento em que quase perde a vida, ele tem sua epifania e finalmente "vê" sua pintura com todos os detalhes. West acena com ironia à 'alta cultura': o cinema onde Tod é agredido pela multidão, fica desacordado e 'sonha' com seu quadro. Corroborando o que aponta Alcebíades Diniz, - e Ingrid Norton, Richard Rayner entre outros - Nathanael West foi um grande ouvinte: apreendeu a herança erudita na linguagem desqualificada, simplificada, das vidas trágicas e grotescas, trágicas por serem grotescas. Homer Smith, com suas mãos enormes e incontroláveis, personifica o grotesco, e completa a tragédia em uma cena digna de Julius Caesar, de Shakespeare.