Um dos contos mais citados de Machado de Assis, o fundador da Academia Brasileira de Letras, é “Teoria do Medalhão”, no qual se lê a história de um pai - como vou dizer? -, “preocupado” com o futuro de Janjão, que, além do nome débil (e incrivelmente contemporâneo), não é lá muito perspicaz ou inteligente.
Sabendo disso, o pai de Janjão admoesta o filho quanto ao futuro:
O meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra.
Sim, o estagiário sabe que o conto de Machado de Assis está tão batido que até mesmo os exames vestibulares abandonaram o texto do “Bruxo do Cosme Velho”. Ainda assim, a passagem acima vem bem a calhar na semana em que Lilia Moritz Schwarcz ganhou na enorme loteria da vida intelectual tupiniquim: ela foi eleita nesta última quinta-feira, 7 de março, como imortal da Academia Brasileira de Letras.