Por Maísa Carvalho
Eu devo ter lá uma enorme lista, porém finita, de canções que elenquei como as músicas preferidas da minha vida: “Cinnamon Girl” de Neil Young, “Something” dos Beatles, “The Song Remains the Same” do Led Zeppelin, “World in My Eyes” do Depeche Mode, “Heroes” do David Bowie, “You Do Something to Me” do Paul Weller e por aí vai… – mas não posso tornar público algo que deve ser, até o dia da minha morte, secreto, ou seja, as músicas da minha vida.
Curiosa essa nossa mania humana de escolher coisas preferidas da nossa vida quando sabemos que somos sujeitos mutáveis. Mudamos o tempo todo. Uma música em uma determinada fase pode fazer sentido, em outra… nem tanto, ou talvez até adquira outro significado. Mas vamos lá. Seguimos fazendo listas, talvez queremos nos encontrar nelas. Em especial a lista de canções, não porque estas canções são as melhores canções do mundo, mas porque elas despertam na gente um determinado tipo de sentimento que podemos ser privados em alguma época: amor, amizade, liberdade, solitude, força.
Sim. Todas as minhas canções preferidas me trouxeram algum tipo de sentimento ou atmosfera tão intensa que essa força me arrebatou ao ponto de fazer parte de mim em qualquer época da minha vida, independente se eu for uma mulher de tailleur saindo do trabalho ou só uma menina de tênis e camiseta tomando sorvete depois de tentar andar de patins. Pelo menos até agora todas as minhas canções preferidas da lista de canções preferidas continuam lá sem riscos, nem rasuras e muito menos arrependimentos.
Dentre essas músicas, desde sempre houve uma especial. Uma canção escrita por um dos maiores cantores de soul music que passaram por este planeta e que, infelizmente, acabou se despedindo cedo.
Foi entre novembro e dezembro do ano de 1967 que Otis Redding gravou no estúdio da Stax, em Memphis, uma das minhas canções prediletas: “(Sittin ‘On) The Dock of the Bay”.