Naquela que é a cena central de O Poder e a Glória, encontramos o personagem principal em um momento de temor e atribulação extrema, o padre bêbado é preso e levado para uma cela escura e apinhada de pessoas. O cheiro é nauseabundo, o espaço é exíguo, rostos são praticamente indistinguíveis no breu, as vozes que surgem são como “almas sem corpo”, os múltiplos personagens cativos formam um painel patético e demasiado humano de nossas misérias, dores, anseios e angústias. A capacidade imagética de seu autor, Graham Greene, aflora com tal força e maestria que tal cena sobrevive até mesmo isolada de todo o resto do romance, há algo de sobrenatural nela, e é possível ler a passagem, que se encontra praticamente no meio do romance, independente do resto da trama e ainda assim sentir seu impacto, sua força metafísica.
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