Li Conversa na Catedral, do Mario Vargas Llosa, numa época em que eu estava me perguntando muita coisa sobre o sentido das escolhas que a gente faz na vida – e o livro me acertou como um soco seco.
A estrutura fragmentada, os diálogos que se entrelaçam entre passado e presente, a confusão das memórias. Tudo isso me deu a sensação de estar entrando num labirinto onde não tem herói, só gente quebrada tentando entender em que momento tudo deu errado.
O livro me marcou porque me mostrou como o desencanto político, o peso da família, as frustrações pessoais e o medo de ser medíocre podem se misturar de forma sufocante. A Catedral do título é um bar qualquer, mas ali se abre o palco onde dois homens tentam reconstruir suas vidas por meio da memória.
Me fez pensar na minha própria “catedral” – nos lugares e momentos onde a gente tenta entender o que a vida virou. É um livro que não consola, mas também não mente. E às vezes, isso é tudo o que a gente precisa.
Desde então Mario Vargas Llosa tem sido uma espécie de Hermes para mim.
Um gênio da literatura se vai, mas o seu legado fica.
Lembro quando um personagem do filme "O príncipe", de Ugo Giorgetti, diz: "As luzes estão se apagando". É isso.
Amo de paixão “Tia Júlia e o escrevinhador”.