#[trabalharcansa]: Espírito Aprisionado Na Carne
Notas sobre Francis Bacon, cuja obra está em exposição no MASP.
*Por Dionisius Amêndola
Ele já foi chamado de o “Goya da Era Atômica”, foi considerado um dos mais importantes e influentes pintores nascidos na ilha da Grã-bretanha da segunda metade do século vinte, mesmo sem nunca ter frequentado uma escola de artes; agora o público brasileiro tem a chance de conferir a exposição A Beleza da Carne, que apresenta um recorte da obra de Francis Bacon. O MASP/SP, apesar de trazer alguns de seus mais importantes quadros, infelizmente peca por limitar a obra do artista a um aspecto hodierno das discussões sobre Arte, e assim como fizeram com a obra de Paul Gauguin, os curadores da mostra interpretam o trabalho desses artistas em um escopo progressista, limitador – diríamos até mesmo woke.
Se no caso de Gauguin havia um olhar “decolonialista” sobre sua obra, agora temos toda uma análise queer dos quadros de Francis Bacon. Não que seja impossível ou inadequado discutir as obras destes - e de qualquer outro artista - nestes termos, mas é uma pena que tais pautas sejam vistas como pontos determinantes nas análises críticas, assim reduzindo-os, limitando-os. Podemos também criticar ambas as exposições por não apresentarem um escopo maior do trabalho dos artistas; dessa maneira, temos uma seleção modesta que não permite uma visão total das preocupações, evolução, ápice e mesmo estagnação a que estão propensos quaisquer artistas.