Por Maísa Carvalho
Em 1981, quando Geraldo Mayrink perguntou para Rita Lee o que os fãs esperavam dela, Rita, de um jeito irreverente e franco, respondeu:
“Faço música, converso com as pessoas, procuro ajudar os bichos – ninguém fala por eles. Estão acabando com o planeta e isso sinceramente me incomoda mais que a crise do feijão. Não vou fazer nenhum show para Angola quando os índios daqui estão sendo exterminados. Talvez eu possa fazer alguma coisa. Talvez a gringa possa falar com os índios. Estou pensando num fã-clube diferente, para as pessoas transarem entre si. Teríamos que ter um símbolo – com uma simples olhada as pessoas saberiam quem era do fã-clube. Seria uma espécie de maçonaria do rock. O rock é a música do planeta. Eu gosto dessa palavra rock, pedra… É uma língua. Na minha humilde e modesta missão, quero trabalhar para o que seria uma música interplanetária. Eu tenho a impressão de que este planeta foi invadido por raças de outros planetas, que se encontraram aqui. Um planetão, sabe? Um planetão gostoso que a gente não conhece”.
A primeira mulher brasileira que entrou de cabeça no que alguém poderia chamar de rock’n’roll foi ela: Rita Lee Jones. Acontece que Rita foi tão imensa, tão brilhante, tão múltipla, tão “tantas em uma apenas”, que os limites eram cerquinhas mesquinhas e criadoras de barreiras muito grandes. Eram esses limites que, para ela, nos impediam de ver as estrelas.