#[trabalharcansa]: O Baixo-Ventre do Mal
"A ordem do dia" revela a mesquinharia, o ridículo, a pequenez e a pusilanimidade do ser humano.
O texto abaixo é a continuação da parceria entre o Não É Imprensa e a Livraria [trabalhar cansa]. Assim como o nosso site, este novo empreendimento de Dionisius Amêndola e Alexandre Sartório tenta pôr a sua marca na “microcultura” que surge pouco a pouco no Brasil. Se aqui adoramos a imprensa livre, mas somos contra os jornais, a [trabalhar cansa] é a favor da literatura e da arte, mas se opõe a um negócio que transformou os livros em mera mercadoria. Em suma, trata-se de um trabalho de amor. E é por isso que apoiamos tal iniciativa. Boa leitura!
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A ordem do dia (Tusquets, 2019), ótimo romance com o qual Éric Vuillard ganhou o Prêmio Goncourt de 2017, trata basicamente de dois momentos da história do nazismo: um jantar com a elite do partido com empresários alemães, em 1933, e a anexação da Áustria, em 1938. A partir deles, volta à infância de alguns personagens e ao futuro, principalmente ao julgamento de Nuremberg. A literatura passeia, atravessa paredes, tempo, carne (o autor perscruta o interior de diversas figuras, tentando trazer à luz os medos, a pusilanimidade, a coragem acanhada ou absurda delas), para, no caso de Vuillard, desvelar o ridículo, a baixeza, a conveniência mesquinha que acompanham, como num cortejo, o avanço do Mal.


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