Foi um longo caminho para Vaclav Havel.
Dramaturgo, poeta, ensaísta, dissidente, presidente. A vida do tcheco nascido em uma Praga foi radicalmente transformada com o golpe comunista em 1948, sua família era proprietária de imóveis e cinemas na cidade, tudo foi expropriado pelo governo. Em 1950, aos quatorze anos de idade, o jovem Havel foi rotulado como “elemento burguês”, e foi até mesmo impedido de receber seu diploma de ensino médio. Ainda assim, Havel continuou seu caminho, começou a trabalhar com teatro e logo desenvolveu uma carreira como escritor e dramaturgo.
A Primavera de Praga teria outro impacto em sua vida, a população desafiou abertamente o regime comunista, mas logo os dissidentes seriam sufocados, principalmente graças ao apoio soviético. Havel foi então banido do teatro e mergulhou de vez no ativismo político, sendo um dos autores do manifesto Carta 77, que exigia das autoridades comunistas que respeitassem os direitos humanos.
*
O filósofo Byung Chul-Han talvez seja hoje um dos filósofos que melhor cumpre o papel socrático, aquele de estar na praça pública a questionar as patologias da sociedade. Em nosso caso, tais patologias podem ser a hiperconectividade, a crise do eros, o hiperconsumo, a exaustão emocional, a obsessão pela transparência, o egoísmo extremo que chega a negar o outro. Vivemos uma multicrise – pessoal, social, política, democrática, ecológica e cultural. O medo alimenta ressentimentos, sufoca a abertura para o outro, fecha a porta para o futuro.