#[trabalharcansa]: O esplendor de São Petersburgo, de Jan Brokken.
Uma cidade literária
O esplendor de São Petersburgo, de Jan Brokken
Por Alexandre Sartório
“A luz sobre São Petersburgo é como a luz sobre Amsterdã, um reflexo infinito na água. Com uma única diferença: quando cai a neve, desaparece a sujeira da cidade, some tudo que incomoda, tudo que é insípido; tudo adquire delicadeza de conto de fadas, como se um manto de arminho cobrisse toda a cidade” (p. 132).
Nonada – no clima gelado, úmido e inóspito da baía do rio Neva, o czar Pedro, o Grande, mandou erguer a cidade que seria, com breve interrupção, a capital do Império Russo até seu fim, com a revolução comunista: São Petersburgo. Foi em Petersburgo que Dostoiévski quase foi executado a mando do czar Nicolau I; e foi na mesma cidade que os comunistas (seja sob o comando de Lenin ou de Stálin) executaram o marido e amigos de Anna Akhmátova. E foi em Petersburgo que esses e outros grandes artistas repetiram, purificado pela gentileza da arte, o gesto de Pedro, o grande, erguendo desde uma terra hostil o esplendor.