#[trabalharcansa]: O vício dos livros, de Afonso Cruz
Os livros são nossos amantes fiéis, não nos julgam, mas nos cobram – cobram nossa companhia e dedicação, é preciso lê-los!
Os enredos do mundo ficcional do autor português Afonso Cruz estão sempre rodeados de personagens em que a função literária tem lugar especial reservado, obras como: Vamos comprar um poeta, Os livros que devoraram o meu pai ou Para Onde vão os guarda-chuvas são alguns exemplos da constante temática que o autor aborda em sua narrativa, perceptível desde o título.
Para além das ficções, seu O vício dos livros traz uma coletânea de pequenos ensaios em que Afonso nos entrega sua visão de leitor voraz, algo como ele mesmo cita na obra: a questão do como a leitura pode ser contagiosa. Nesta coletânea cada capítulo apresenta descontraidamente um fato do mundo literário, sejam eles fantasiosos ou personalidades reais, Afonso nos cativa a cada nova página por conseguir colocar tão bem em palavras o como o hábito da leitura é importante e prazeroso. Para essa última qualidade citada existe até mesmo um capítulo especial reservado, em “Porque não há muitos leitores” o autor nos coloca de frente a um constante embate interno que vivemos – a procrastinação para ler. Para o Afonso, as desculpas que estamos sempre a dar a nós mesmos na era moderna não se aplicam com verdade, pois em todas as épocas, mesmos nas mais remotas, distrações e obrigações sempre existiram e ainda assim aqueles que de verdade apreciavam (ou apreciam) a leitura conseguem brechas no tempo, como citado pela crítica de Antonio Basanta “não é a falta de tempo que impede a leitura, é a falta de desejo” - pois para esses a leitura não é uma obrigação, não é um dever a ser ticado no fim do dia, mas sim um respiro, uma necessidade.