#[trabalharcansa]: Um Maníaco Por Imagem e Pela Música
A obra de Anton Corbjin, um dos maiores fotógrafos de rock dos nossos tempos
Três coisas: o trabalho de Anton Corbijn
Por Ivan Shaw
Há três coisas que devemos saber sobre Anton Corbijn para compreender melhor o seu trabalho. A primeira é que ele nasceu em uma comunidade religiosa na cidade de Strijen, na ilha de Hoeksche Waard, na Holanda, sendo seu pai o pároco local. A segunda é que ele é muito alto. Na verdade, Michael Stipe, do R.E.M., acredita que a altura de Corbijn faz o fotógrafo ver o mundo de uma perspectiva diferente. A terceira é que ele trabalha muito rápido. Corbijn é conhecido por fazer sessões fotográficas inteiras em apenas alguns minutos. Esses três fatores juntos, além de um ótimo olho, ajudaram a fazer de Corbijn não apenas um dos fotógrafos de retratos mais proeminentes da atualidade, mas também um dos grandes diretores de videoclipes e um diretor de longas-metragens muito procurado.
Crescendo numa ilha, como parte de uma comunidade religiosa, Corbijn sentia-se como um forasteiro consumado. A fotografia tornou-se a ponte que o ligava ao resto do mundo. Depois de ouvir os Beatles pela primeira vez, Corbijn ficou obcecado por música. Quando adolescente, ele queria assistir a um concerto local, mas era extremamente tímido. A solução: pegar emprestada a câmera do pai para ele chegar mais perto e tirar fotos da banda. Se ele estivesse ocupado tirando fotos, não teria tempo para pensar em ficar sozinho no meio da multidão.
As fotos que Corbijn tirou naquele dia e o enorme trabalho que produziu nos últimos quarenta anos, principalmente para revistas como New Musical Express, Rolling Stone e Vogue, são uma revolução em perspectiva. Os ângulos de câmera e pontos focais podem parecer quase inimagináveis. É difícil entender como ele chegou lá. Além disso, sua paleta de intenso contraste e granulação em preto e branco ou cores profundamente saturadas é exclusivamente sua.
Corbijn trabalha rápido; na verdade, ele prospera com a pressão de ser forçado a criar rapidamente. Ele acredita que “se você não tem muito tempo, você concentra toda a sua energia no momento e fica muito mais focado”.
Depois de passar algum tempo observando o trabalho de Corbijn, especialmente seu livro de 2015, Anton Corbijn: 1-2-3-4, percebemos que a intensidade do sentimento de Corbijn, a singularidade de sua visão e a velocidade de sua documentação criaram um portal através do qual vemos sob a superfície de muitas das figuras mais significativas das últimas quatro décadas.
O retrato em close do físico Stephen Hawking feito por Corbijn usando óculos escuros espelhados captura a intensidade radical da mente de Hawking e elimina sua enfermidade física. Allen Ginsberg olha pela janela, com jornais empilhados à sua frente. Nós o sentimos contemplando o trabalho de sua vida como poeta e escritor e seu lugar como estranho e revolucionário.