#[trabalharcansa]: Uma biografia sobre (quase) nada
De como Woody Allen conquistou os nossos corações.
O texto abaixo é a continuação da parceria entre o Não É Imprensa e a Livraria [trabalhar cansa]. Assim como o nosso site, este novo empreendimento de Dionisius Amêndola e Alexandre Sartório tenta pôr a sua marca na “microcultura” que surge pouco a pouco no Brasil. Se aqui adoramos a imprensa livre, mas somos contra os jornais, a [trabalhar cansa] é a favor da literatura e da arte, mas se opõe a um negócio que transformou os livros em mera mercadoria. Em suma, trata-se de um trabalho de amor. E é por isso que apoiamos tal iniciativa. Boa leitura!
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Ele foi um garoto que cresceu mais interessado em gibis, romances baratos de detetives, filmes (que custavam 20 centavos de dólar a sessão dupla) e claro, beisebol e garotas. Literatura ‘séria’ e grandes percalços filosóficos eram mais uma desculpa para tentar conquistar uma nova menina ou então para apaziguar (ou aprimorar) o aguçado sentimento do que faz sentido afinal neste mundo.
A vida de Woody Allen, segundo o próprio, não tem absolutamente nada de extraordinária. Ela é quase banal, se não estivéssemos falando de um dos diretores americanos mais admirados das últimas décadas, em especial fora dos Estados Unidos, mas ainda assim, eis uma vida simples. Seus filmes falam daquelas angústias que atormentam o espírito do até mesmo mais estoico dos estoicos: a nossa finitude e o buraco negro que irá engolir tudo um dia, a cova aberta sorrindo maliciosamente à nossa espera, e entre o momento que nascemos até o momento de abandonar este mundo deliciosamente angustiante, vamos preenchendo os dias - e o buraco negro de nossos corações - com amores, paixões, sexo (se tivermos sorte) e alguma boa piada para fechar o dia (que pode funcionar também como uma oração e nos aliviar a alma mesmo nos piores momentos da vida).