#TrumpDeportandoGeral
Enquanto o jornalismo se pauta nas boas virtudes das mídias sociais, o presidente dos EUA começa a mandar de volta para os países de origem os estrangeiros ilegais
O esporte favorito deste fim de semana – para além de afetar consternação com as chuvas da última sexta-feira (24/1), na capital paulista – foi criticar a conduta dos responsáveis pela deportação dos brasileiros que estavam em condição ilegal nos Estados Unidos. Nas mídias sociais, aquelas que são controladas pelos “bilionários fascistas”, brasileiros nem escondiam o regozijo com a chegada de seus “compatriotas” – os quais, a depender do relato, denunciaram violência física e ameaças de morte. Na internet, houve até quem se lembrasse do filme de Kleber Mendonça, “Bacurau”, que em uma das cenas mostra como os brasileiros são descartados pelos norte-americanos mesmo que tenham se identificado com os ideais dos EUA. O paralelo completo aqui repousava precisamente neste ponto: mesmo os brasileiros que supostamente apoiaram Trump logo foram descartados pelo Laranja.
No UOL, Leonardo Sakamoto não perdeu tempo e encontrou uma relação entre a deportação e o malvado favorito da imprensa nativa – sim, Jair Bolsonaro:
Diante de denúncias de maus tratos de agentes de segurança do governo dos Estados Unidos contra brasileiros deportados, neste sábado (25), envelheceu mal a recente declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro defendendo a promessa de Donald Trump de expulsar milhões de migrantes que estão de forma irregular no país. O Ministério das Relações Exteriores vai pedir explicações ao governo Trump sobre o tratamento degradante dispensado aos brasileiros no voo.
Os relatos e imagens de agressões físicas e verbais durante o voo de repatriação lembram que o processo de deportação não é como um passeio no parque. Inclui detenções por meses e tratamento desumano a migrantes indocumentados - que produzem riqueza, pagam impostos através do consumo e assumem funções que a maioria dos cidadãos norte-americanos não quer.
Entenderam, leitor e leitora de NEIM? A deportação não é passeio no parque. Que bom que o jornalismo brasileiro explica tudinho para nós, público ignaro das questões de segurança nacional. O estagiário compreende: Sakamoto esperava que os brasileiros deportados, muitos dos quais chegaram aos EUA com auxílio dos coiotes, correndo risco de perder a vida, fossem deportados de classe executiva de uma dessas companhias aéreas que faz o trecho Brasil-Estados Unidos. Assim, poderiam escolher o prato do jantar e ter acesso a uma poltrona agradável, assim como um filme para assistir no trajeto.