Há algo de perversamente cômico na ingenuidade com que milhões de usuários abraçaram o Onavo, uma VPN que prometia “privacidade gratuita”. Comprado pelo Facebook por US$ 120 milhões, o app israelense funcionava como um cavalo de Troia digital: ao invés de proteger os dados dos usuários, entregava tudo — tráfego, comportamento, concorrência — diretamente à corporação de Mark Zuckerberg.
A jogada era simples e genial: oferecia-se o verniz de segurança digital para capturar, com o consentimento sorridente das massas, exatamente aquilo que se dizia proteger. O Onavo espionava silenciosamente 33 milhões de pessoas, monitorando quais apps cresciam, o tempo de uso, os hábitos de navegação — e fornecendo relatórios internos para direcionar decisões estratégicas de aquisição, como a compra bilionária do WhatsApp.
A big tech, nesse caso, comporta-se como um Estado profundo: coleta inteligência, neutraliza ameaças e manipula o mercado por meio da informação assimétrica. O Onavo era, no fundo, uma ferramenta de guerra — com civis voluntariamente se oferecendo como alvos.
A moral? Privacidade virou mito de marketing. A ilusão de controle é o novo ópio digital: o usuário acredita ser soberano enquanto é radiografado por dentro. A “liberdade” online foi barganhada por conveniência, e nossa cela agora vem com Wi-Fi, atualizações automáticas e emoji de reação.
Só pelo fato de ser uma VPN e ser grátis já é de se desconfiar.
Praticamente ninguém lê os termos e condições dos app's/programas que instalamos em nossos aparelhos.
Tirando as VPN's, quantos outros milhares de programas que também coletam dados sensíveis e a gente nem imagina.
Tio zuck e seus "métodos"