O Gótico é um gênero narrativo que surgiu no século XVIII, durante o auge do Iluminismo e, nas artes, do neo-classicismo. Enquanto as ideias da ciência, da razão e de um novo humanismo informado pelo progresso técnico se espalhavam pelo mundo Ocidental, surgia nas artes aquilo que o crítico literário Fred Botting chama de “estética negativa” (“negative aesthetics”). Ao invés de apontar para o futuro, as narrativas góticas recuperavam o passado da Idade Média - ou Idade das Trevas.
Se a luz da razão Iluminista prometia um futuro marcado pela ordem, pela segurança e pelo conhecimento, as sombras do gótico iam na direção oposta, buscando a desordem, o horror, a violência e a irracionalidade. E, nesse contexto, se o neo-classicismo buscava um realismo estético atrelado à nova moral técnico-científica, os textos góticos eram decididamente não-realistas, apelando para o sobrenatural, para a monstruosidade e os mistérios e terrores da magia. O Gótico representa, em linhas gerais, a persistência de um passado no presente.