Por João Falstaff
Se têm vilões que bebem e praguejam, dançam à noite, roubam, assassinam, e inventam para o crime formas novas? Alegrem-se, não terão mais problemas. A Inglaterra lhes premia as culpas, lhes dará postos, honras e poder...
Shakespeare. Henrique IV
Quando o estarrecimento chega a níveis estratosféricos, como frequentemente ocorre no Brasil, a gente acaba se tornando mais tolerante com outras coisas menores. Aí é que mora o belzebu: de uma hora para outra, surge um juiz com a ambição de ser imperador ou um coach candidato a presidente de São Paulo. E, inevitavelmente, vamos nos adestrando para um eterno sobressalto, ou perdemos a sensibilidade e o absurdo deixa de absurdiar.
Brasília sempre produz boas ideias, mas tudo quase sempre começa em São Paulo. Alexandre de Moraes, por exemplo, foi herói em São Paulo antes de conquistar o cargo de herói do Brasil.
Ele passou anos aprendendo a acumular cargos e decisões ilegais, praticando a difícil arte da arbitrariedade e, só com essa experiência, adquiriu o currículo necessário para ser criteriosamente selecionado como Ministro da Justiça.
Dizem que o estilo xerifão agradou a Temer. Mesmo depois de Alexandre acumular polêmicas.
Claro que, com esse desempenho, ser Ministro da Suprema Corte do país era algo extremamente provável em seu horizonte. Mas, provavelmente, Moraes relutou muito em aceitar esse destino.