#UmPaísSemQualidades
O livro de Robert Musil é uma fonte inesgotável de reflexões sobre a modernidade
Não tenho a mínima vontade de escrever sobre a insensatez, a imprudência e a irracionalidade do país. Então, neste texto vou tratar de um livro. Fique comigo, caro leitor do NEIM.
Robert Musil começou a escrever O homem sem qualidades em 1921 e nunca mais parou. Escreveu o livro, um monumento, até a sua morte em 1942, sem que o deixasse finalizado. É uma obra caleidoscópica, polissêmica, irônica. A começar pelo fato de que Ulrich, o protagonista, tem talvez como sua maior qualidade, sua maior virtude, ser justamente sem as qualidades tidas como tais pelo seu tempo e sua sociedade, ainda que não consiga exibir nenhuma outra muito melhor. Assim, o livro, que em algumas edições conta com mais de 1500 páginas, é uma miríade de reflexões sobre a modernidade.