Selaram a entrada da caverna. A luz, conforme os soldados deslocavam a pedra, diminuía e o rosto de Antígona imergia na escuridão. Seus olhos não se habituaram logo ao ambiente, em suas mãos o jarro de vinho e o trigo. Libações aos mortos. Lembrou-se dos abutres, dos cães famintos e dos saqueadores: todos percorriam o campo de batalha em busca de butins. Polinices caiu à porta de Tebas como se tentasse subir seus degraus para rever os parentes e puni-los pela escolha de Creonte. Talvez merecessem a morte daquele que preferiu Argos e, assim, o termo dos erros de Édipo. Ao último raio de luz, recordou a si mesma cavando a terra com as próprias mãos para cumprir o rito fúnebre daquele inimigo de sangue comum.
© 2024 Não é Imprensa
Substack é o lar da grande cultura