#unamuno: À hora do Quinto Mistério
Mais poemas de Fernanda Boaventura para nos consolar neste Natal caótico
– por Fernanda Boaventura
À hora do Quinto Mistério
À hora do Quinto Mistério,
As crianças riscaram a casca tenra das nozes sobre a lareira;
A lenha queimava leal aos sobejos de tua visita pascoal.
Tua primeira morada envelhecia como um pássaro
Cujo canto não se distinguia do nosso riso.
Mas o que se oferece à tua presença é à mercê das migrações.
E se a terra que não se vindima cobre o beiral da casa,
A chuva se precipita como uma eterna primavera
Sobre a fronte ungida de teu recém-nascido.
Enquanto a criança dorme ante o ícone de São Simeão,
Tu sais, pois, à janela, e, em voz baixa, diz ao céu,
“Também tu és uma criatura.”