– por Bernardo Lins Brandão
Os gregos conceberam dois tipos de educação superior, a retórica, voltada para a prudência, e a filosófica, que buscava a sabedoria. Esse foi um dos grandes legados da Grécia, o legado de Isócrates e de Platão.
O caminho da sabedoria se perdeu no fim da Idade Média, apesar da tentativa de sua recuperação na Florença renascentista. O caminho da prudência atingiu o seu ápice com o sistema escolar jesuíta e sobreviveu até o séc. XIX, dando seu último suspiro com a lberal education dos EUA da primeira metade do séc. XX, quando foi finalmente vencido pelas seduções da técnica.
Em nossos tempos, a philosophía foi substituída pelo ensino técnico-científico e a educação para a prudência, pela formação para a cidadania. Mas a ciência sem a sabedoria é cega e a cidadania sem prudência é vazia. O resultado foi a fragmentação do conhecimento, um senso geral de desorientação e a substituição do bom senso pela onipresença da lei.
Nossa crise contemporânea, no fim das contas, é uma crise da educação e é por isso que devemos redescobrir, com urgência, o que a esse respeito tinham os antigos a dizer.