Ploc, ploc, ploc, o barulho vinha do quarto. Não adiantava gritar, sempre de fone, ele nunca escutava.
— Wilson, chama o seu irmão! — gritava a mãe lá embaixo — O almoço está pronto.
Foi chegando perto e o som aumentava, ploc, mais perto, encostou o ouvido na porta, ploc ploc, deu duas batidinhas.
— Léo?
Nenhuma resposta. Girou a maçaneta. Na tela do computador, um desenho japonês de duas mulheres nuas; em cima da escrivaninha, condicionador e um rolo de papel higiênico. O irmão se encolheu, cobrindo-se com uma toalhinha e fechando a aba do computador com a mão que sobrava.