#unamuno: O Brasil não nasceu para fazer cinema
Trinta anos de crise da imaginação no audiovisual brasileiro
– por Victor Bruno⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
“Alguns diretores sabem como falar com atores, mas não sabem para onde apontar a câmera. Nem por isso, contudo, ela ficará fora de posição, pois há sempre alguém à volta capaz de aconselhar o diretor desajeitado. Pior é a situação daqueles que, embora manejem a câmera de modo eficiente, não façam idéia de como falar com seus atores. O resultado é um filme formalmente muito bem ajustado que, apesar do bom trabalho de câmera e da boa montagem, não possui coração.” — Peter Bogdanovich
O leitor pode achar que eu estou exagerando. Trinta anos de crise no audiovisual? Sim, e falo com sinceridade e segurança.
Os cineastas brasileiros, conforme veremos no decorrer deste ensaio, já há muito se esqueceram de para que, afinal, serve o cinema. Convém, talvez, que passem algum tempo vendo o mundo apenas com seus dois olhos, sem acesso a câmeras digitais ou analógicas. Alguns deles, penso eu, talvez devessem aposentar as câmeras de vez, e nunca mais voltar a trabalhar com cinema.
Há certo tempo perdi as esperanças quanto ao futuro do nosso cinema. Tentei ao máximo me manter otimista. Talvez o audiovisual do Brasil pudesse ser salvo. Talvez viesse uma mudança.