#unamuno: Razão Encarnada e Experiência Vital
Considerações para um ressurgimento da metafísica no séc. XXI
-por Bernardo Lins Brandão
Apesar de todos os anúncios, a metafísica não morreu. Ou melhor, morreu, mas passa bem: contra toda a tradição filosófica, que, desde o séc. XIX, celebra o seu fim, acredito que ela ainda seja fundamental. Fernando Pessoa, escrevendo como Álvaro de Campos no poema Tabacaria, fala do Esteves-sem-metafísica, mas, em toda a experiência humana há sempre uma metafísica, ainda que implícita, isto é, um mapa, mesmo que provisório, da estrutura do real e das possibilidades nele contidas. Não é por acaso que, após a primeira metade do séc. XX ter decretado o seu fracasso, vemos, no séc. XXI, o seu retorno, seja na filosofia analítica, seja na continental, em correntes como o realismo especulativo e a Ortodoxia Radical.
Os críticos, no entanto. Aristóteles, na Ética (X, 6-7), dá a entender que a vida na qual existe espaço para a metafísica é maximamente feliz, uma vida divina da qual podemos, em alguma medida, participar. Mas, quando lemos os manuais que foram escritos a seu respeito, ela parece ser árida e abstrata, incapaz de levar a uma experiência assim.