#vespeiro: A Guerra Silenciosa
Somos soldados numa guerra silenciosa em uma nação possuída pela estupidez sem limites.
Dizem que os números não mentem. Uma das provas desta afirmação está nos dados que tentam abarcar a falta que faz um gigante das letras nacionais como Osman Lins. Nascido há 100 anos, em 5 de julho de 1924, e falecido há cerca de quarenta e seis, em 9 de julho de 1978, quatro dias após o seu aniversário e cinco anos depois do lançamento de Avalovara (1973) – a sua obra-prima e um dos maiores romances brasileiros já escritos –, ele retorna do mundo dos mortos com Problemas Inculturais Brasileiros (426 págs., R$ 45,00), um volume publicado pela editora da Universidade Federal de Pernambuco, organizado por Fábio Andrade e que reúne dois livros de combate cultural escritos no final da vida – Do Ideal e da Glória (1977) e o póstumo Evangelho na Taba (1979).
Composto por artigos divulgados em vários jornais da época – entre eles, O Estado de S. Paulo –, o relançamento mostra que, apesar do longo espaço de tempo entre seu desaparecimento e o nosso momento histórico, Osman Lins continua relevante. Partindo da mesma tradição de crítica cultural compartilhada por outros polemistas da imprensa escrita – como Paulo Francis, José Guilherme Merquior e Bruno Tolentino –, ele sempre viu o papel do escritor na sociedade moderna similar ao de um sujeito que vive uma “guerra sem testemunhas”, um combate feito na surdina no qual o ambiente desfavorável criado no Brasil sempre comprometeu o desenvolvimento da única coisa que importa na formação de um país: a liberdade interior.