#vespeiro: Paulo Francis e a Tribo de Dédalo
Porque o jornalista mais polêmico do Brasil foi um grande escritor - Parte 1
O que significa fazer parte da imprensa? – foi o que a equipe deste site se perguntou quando começou a elaborar a sua linha editorial. Após muito tempo, cheguei a uma resposta pessoal para tal questão. Ser da imprensa significa, sobretudo, ser alguém que gosta de usar máscaras – enfim, ser um dissimulado.
Esta é a principal característica de quem pretende fazer parte da intelligentsia brasileira, pelo menos desde os tempos de Machado de Assis. Não se pode acreditar em ninguém desse meio, de jornalistas a intelectuais, passando pelos influenciadores que hoje atormentam a nossa cabeça com assuntos completamente irrelevantes. Vivem todos sob o signo da impostura. É uma espécie de magia negra psíquica.
Um dos poucos que escapou dessa atitude foi Paulo Francis. Enquanto vivo, sua sinceridade acachapante, tanto no estilo de escrita como na hora de falar, o transformou em um maldito – o que só piorou após seu falecimento, pois, para a geração seguinte (ou seja: a minha), seu modo de ser tornou-se um modelo de admiração, mas, ao mesmo tempo, um obstáculo que nos irritava inconscientemente e, portanto, nos causava inveja.