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Motivos para prisão estão cada vez mais tímidos diante dos motivos para anulação

Uma investigação publicada no canal jornalístico independente Public, fundado pelo jornalista Michael Shellenberger, no Substack, revela documentos e mensagens que indicam que Alexandre de Moraes teria operado uma estrutura paralela para conduzir prisões relacionadas aos atos de 8 de janeiro.

A chefe de gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kusahara, aparece em mensagens trocadas com Eduardo Tagliaferro conduzindo investigações via WhatsApp com servidores do TSE e do STF. O juiz Airton Vieira, também assessor de Moraes, atuou diretamente nas audiências de custódia, o que é uma violação clara ao devido processo legal e reforça os indícios de que o STF operou uma estrutura paralela para conduzir prisões.

Em uma das trocas de mensagens, Airton Vieira se despede do grupo de WhatsApp “Audiências de Custódia” dizendo que “nas audiências de custódia possamos dar a cada um o que lhe é de direito: a prisão”.

Se isso se confirmar, o amontoado de motivos para anular todo o julgamento da “trama golpista” vai aumentar substancialmente.

As prisões do 8 de janeiro teriam sido baseadas em postagens nas redes sociais, com critérios como “críticas ao governo Lula e ao PT” sendo usados para manter pessoas encarceradas.

No mesmo dia em que a reportagem do Public ganhou repercussão, Moraes decreta a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. A justificativa: o ex-presidente teria violado medidas cautelares ao se manifestar politicamente por meio das redes sociais de aliados e filhos.

Flávio Bolsonaro divulgou o vídeo da participação remota de Bolsonaro na manifestação de Copacabana por algum motivo misterioso ou por pura burrice? Não importa. O fato é que, logo após a prisão de Bolsonaro, Flávio apareceu orgulhoso dizendo que foi contra a CPI da Lava Toga. A hipótese da burrice ganha força.

O advogado do Jair pediu para que ele retirasse o vídeo. Mas Alexandre de Moraes considerou não só que Bolsonaro havia desrespeitado as tais medidas cautelares – claramente abusivas e ilegais –, mas que a manifestação de domingo era uma espécie de ato de incentivo e instigação a ataques ao Supremo.

Como sempre, enxergar os absurdos promovidos por Moraes não tem nada a ver com gostar ou não de Bolsonaro, nem com concordar com bolsonaristas. A questão é que, se alguém se dispusesse a contar, talvez haja mais provas de arbitrariedades cometidas pelo STF do que da articulação do golpe.