Assinale o que cabe na tua narrativa!
Todo mundo com uma postura diferente no depoimento do Bolsonaro no STF, né? Parecia o filme da Branca de Neve: os dois personagens principais mais irreconhecíveis que o Michel Temer tentando sorrir.
O Alexandre de Moraes agindo quase como um gentleman com Bolsonaro. Será que o 'inquisidor' virou o 'amigo da onça' pra não parecer tão carrasco pra quem assistiu ao vivo?
Do outro lado, Bolsonaro, que já chamou os ministros do STF de imbecis pra cima, deu aula de educação emocional, falando 'com todo o respeito' a cada frase.
Teve até piadoca. Bolsonaro achou que tava na live dele e perguntou se Alexandre de Moraes seria o vice dele. A resposta foi “declino” e a sala riu como se estivesse na plateia do Domingão.
Se bobear, o Alexandre de Moraes saiu com mais moral do que o próprio Bolsonaro que chamou os bolsonaristas de malucos agindo que nem celebridade com nojo de fã.
Alexandre de Moraes perguntou quais os indícios que Bolsonaro tinha quando disse que ministros do STF ganharam juntos 110 milhões. Resposta do Bolsonaro:
“Nenhum, me desculpe. Foi uma retórica minha”.
A realidade é essa: Bolsonaro cria narrativas saídas da cabeça dele pra tentar justificar o que ele mesmo não consegue provar, nem quando a própria carreira política está em jogo.
Perdeu a chance de acabar com todos os ministros no depoimento com uma porção de provas. Mas parece que a única coisa que ele levou é o que ele sempre tem: um pastel de vento.
Já o Alexandre de Moraes e o STF não liberam a ‘minuta do golpe’ pra defesa do Bolsonaro. Se ele quer ver, imagina a gente. Acho que a revelação deveria ser no Programa do Ratinho ao vivo
Aliás, eu não sabia que essa nomenclatura de “minuta do golpe” era tão polêmica. Eu fiz um vídeo sobre o depoimento do Mauro Cid e usei este termo. Fui mais cancelado pela direita naquele post do que a esquerda com o Leo Lins.
Não sabia que existe uma diferença entre ‘minuta do golpe’, nome dado pela esquerda, e ‘minuta de um decreto constitucional’, nome dado pela direita.
Basicamente, é o mesmo documento, só que a esquerda diz ‘golpe’, e a direita diz ‘reforma com amor, carinho e respeito’.
Para alguns, o documento encontrado com o ex-ministro Anderson Torres é uma tentativa de golpe de Estado, com propostas de intervenção militar e suspensão da constituição para reverter o resultado das eleições de 2022.
Já para outros, é visto como uma tentativa de reforma constitucional para questionar a validade das eleições dentro dos limites legais.
A interpretação depende da perspectiva política: opositores veem o documento como uma ameaça à democracia, enquanto aliados de Bolsonaro argumentam que ele só tentava contestar o processo eleitoral de forma legítima.
Pra mim, o resumo é: só pelo fato dessa minuta de sei lá o que existir e a discussão de alternativas autoritárias são um sinal de alerta para o estado da democracia no Brasil. No mínimo!
Mas o mais engraçado de tudo pra mim é o Bolsonaro tentar mudar o sistema de votação que fez ele se eleger: as urnas eletrônicas. O cara não confia numa tecnologia que fez ele ganhar. Parabéns pela lógica, Jair!
Sigamos alertas!
Assista ao vídeo e se deleite com a galera me xingando!
O lulismo e o bolsonarismo são movimentos iliberais com forte viés autoritário (para dizer o mínimo). Ambos querem usar as instituições de controle (STF, PF, etc) para perseguir os adversários e vozes dissidentes. Para os dois movimentos, o que importa não é o cumprimento da constituição, mas a construção de narrativas que justifiquem a alopração dos líderes.
A maior falta de lógica em questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas reside no fato de em momento posterior culpar a Carla Zambelli pela perda da eleição. Como conciliar urnas fraudadas com perda de votos causada por sua aliada?