A mistura de um superministro com o Lula
Eu tive um professor de história que dizia: numa guerra, não tem ninguém legal. Todo mundo envolvido tem culpa e perde a razão.
Os próprios magistrados consideram que a decisão de prender o Bolsonaro foi exagerada, desnecessária e insustentável do ponto de vista jurídico.
E quem assinou essa decisão foi Alexandre de Moraes, que é aquele cara que quer tanto salvar a democracia que tá quase matando ela de overdose de autoridade.
E aí eu pergunto:
Vale tudo pra defender a liberdade?
Inclusive prender, censurar e bloquear antes do julgamento?
Porque se o remédio for concentrar todos os papéis: juiz, delegado, perito, carcereiro e até a própria tornozeleira… talvez a doença esteja sendo tratada com veneno.
E sim, eu sei: o soro antiofídico é feito com veneno de cobra. Mas até o antídoto pode matar, se a dose for alta demais.
Não me entenda mal: o bolsonarismo tentou sim aplicar um golpe e precisa responder por isso. É muito negacionismo ignorar as evidências:
Os relatórios da PF com quase 900 páginas cheios de intercepções e delações premiadas
Uma minuta de decreto propondo estado de defesa e prisão de ministros do STF
O vídeo de reunião do dia 5 de julho de 2022 com as estratégias
As operações policiais que são: Tempus Veritatis, Contragolpe e Lesa Pátria
O ataque violento de 8 de janeiro contra as instituições democráticas
E as decisões judiciais do STF que aceitou a denúncia e definiu os réus.
Mas veja bem: apesar de todas essas investigações e evidências, não dá pra transformar isso tudo numa justificativa pra ascensão de um superministro com mais poder do que um chefe de Estado.
Immanuel Kant, base do pensamento moral moderno, disse:
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.”
Ou seja: Se todos justificassem um erro com outro, a gente viveria no caos. A ética não pode ser vingança, ela deve ser um princípio.
Alexandre de Moraes não pode ignorar a Constituição sob o pretexto de proteger ela.
Nem limitar a liberdade alegando defender ela e nem concentrar poder em nome da ordem.
Platão registrou o diálogo em que Críton tenta convencer Sócrates a fugir da prisão, mesmo ele tendo sido condenado injustamente. Sócrates recusa, dizendo o seguinte:
“Nunca é correto cometer uma injustiça, mesmo em resposta a uma injustiça.”
Ele ensina que agir errado para corrigir um erro é desonrar a moral.
Partindo desse pressuposto, eu pergunto: A democracia virou aquela criança que precisa ser criada com palmada, castigo e bloqueio na internet?
O que diferencia uma democracia de uma ditadura é justamente o limite institucional.
É o juiz não agir como parte. É o processo ter contraditório. É o cidadão ter voz.
Eu não admiro o Bolsonaro nem pessoalmente, nem politicamente e não acho que ele seja uma boa escolha pra liderar a direita.
Ainda assim, eu quero defender o direito do cidadão em poder se colocar da maneira que quiser e sofrer as consequências legais da postura dele. Mas, pra isso, ele precisa ser julgado e ainda não foi.
A democracia precisa de vigilância, mas que ela venha da sociedade e da imprensa livre, não de um único homem com superpoderes constitucionais.
Não pode haver abuso de autoridade nem mesmo diante de um ataque institucional. Porque quando o poder ultrapassa seus limites, ele deixa de ser defesa e passa a ser ameaça.
Caso contrário, a gente corre o risco de ter uma democracia corrompida como em outros países onde instituições foram corroídas sob o pretexto de ordem.
Eu não sei você, mas eu só quero viver numa democracia de verdade. Uma que não precise de salvadores: nem de farda e nem de toga.
Oscar!!!!!! ! BRAVO. Aplaudindo de pé. pedindo bis.
Esta frase esta perfeita. Junto-me a você:
"... Eu não sei você, mas eu só quero viver numa democracia de verdade. Uma que não precise de salvadores: nem de farda e nem de toga."
Bravo!ll Brilhante!! Parabéns, Oscar!!!