[Leia a segunda parte do ensaio]
O exilado carrega consigo uma fratura que não cicatriza. Por isso mesmo, o escritor exilado tem uma vantagem: do abismo dessa fratura insondável saem palavras de um idioma universal que recebeu uma categoria à parte: exilliteratur, literatura de exílio. E não por acaso o nome é em alemão.
Exilliteratur refere-se a obras escritas por autores que foram deslocados de sua pátria devido à perseguição, guerra ou instabilidade política. Escritores judeus produziram um corpo significativo de literatura de exílio, refletindo suas experiências de deslocamento especialmente durante e após a ascensão do nazismo, o Holocausto e outros períodos de diáspora. Joseph Roth foi um dos maiores autores de literatura de exílio desde o século 19. Judeus errantes, lançado em 1927, ilustra vários aspectos dessa literatura sem amenizar as facadas da História, que dividiram por dentro milhões de pessoas.